21 agosto 2014

Primeiro Encontro


- Sério? 2008 e você ainda é virgem? Uau, mas é por ser feia?
- É, e pode abrir a porta do carro que quero sair e meu pai corta cana na roça dele... O que significa que ele tem um facão.

Aqui estou dividindo uma história inocente por minha parte e que aos 18 anos esperava o príncipe. O príncipe que é criado por mentes sonhadoras e repassadas de mães para filhas.  Tinha acabado de completar 18 anos, não bebia, não dançava na boquinha da garrafa e só pensava em parar de passar roupa para passar em um vestibular.
No ensino médio eu não era a garota popular, não era a garota engraçada, não era a garota que já transava. Eu era a que ia para o colégio particular com a farda incompleta, só para voltar pra casa e dormir. Não é novidade que eu não gostava do colégio. Sofria com piadinhas por não ser bonita (eu confesso, eu nem penteava o cabelo e usava curto. Fora que comia coxinha como se não houvesse amanhã) e por ter um nome exótico. Eu não falava nada, juntava a mágoa como uma galinha junta os pintinhos embaixo de si (nossa, de onde eu tirei esse exemplo?).

Certo dia, estou no colégio assistindo aula de Biologia II tentando aprender por osmose ou pedir o caderno de um colega para xerocar as anotações. A professora apagava mais rápido que gente tomando 40 gotas de Rivotril. Recebi um bilhete, entregue por uma menina de outra turma. O bilhete dizia “vamos sair sexta? Acho você legal. Fulano.” Gente sabe quando você escuta um coro de “ALELUIA”? Então. Eu aceitei por dois motivos: eu nunca tinha recebido um bilhete de um menino e nunca tinha tido um encontro. E de bônus ele era um dos mais bonitos do colégio.

Eu não desconfiava de nada, estava surpresa. Encantada. Mas desconfiar de algo nunca passou na minha mente. Ele não me pegou em casa. Esperou-me em rua e em um Gol. Ele sugeriu um bar, foi educado, encantador, um príncipe! Conversamos muito e eu honestamente pensei que iria namorar um dos garotos mais bonitos do meu colégio. Já estava pensando em fazer o nosso álbum de fotos “momentos” no Orkut...

Do nada ele ficou nervoso e olhei para trás, dois amigos dele do colégio sentaram na nossa mesa e deram boa noite. Caro leitor, não chore. Calma e respire. Um dos amigos falou “cara você é foda! Agora vou ter que pagar você por pegar a carranca indígena”. Eu queria chorar? Queria e muito.  Foi nesse dia que descobri o que era maldade, mas do nada eu senti um paz interna e ouvi “fale” e respondi “você não vai pagar porque ele não me beijou.” E novamente ouvi “fale” e abri a boca dizendo que se um dos três não me levassem pra casa eu iria na delegacia, contaria para todos e poderia processar. O menino do bilhete me levou e ao passar por um motel perguntou se eu queria transar. Sim, e estou aqui vivíssima para contar. Pedi para sair do carro ele disse que ia me deixar na porta de casa, recusei. Desci ali mesmo.


Peguei o ônibus e fui pra casa. Resultado: ganhei inseguranças, depressão e ódio do colégio. Mas assim que passei por isso, dois anos depois eu recebia bilhetes, flertes e em 2010 o príncipe chegou. Ele não era o mais bonito do colégio. Ele é o mais bonito da cidade e hoje vi o garoto que tentou “pegar por uma aposta”. Como posso descrever??? Gostaria de colocar a foto dele aqui, mas tenho medo de processos. UMA PALAVRA, UMA ALEGRIA (PARA MIM), UMA REALIZAÇÃO E VINGADA PELA VIDA: ele está um exú, casado (não tenho certeza porque está com cara de pobre e não num sentido bom), com uma filha feia (Deus me perdoe, mas agora ele sabe o que é amar uma carranca!) e a mulher não tem noção de que gorda não pode usar transparência. Ele me olhou dos pés até o Fritz do meu cabelo e eu disse “tomara que façam apostas para pegarem sua filha” e entrei na Marisa mais feliz do que fico quando faço sexo. 

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