20 dezembro 2015

Precisa emagrecer




Não veste 36. O número do sutiã é 44 e ela não veste saia cumprida porque pensa estar parecendo capa de botijão de gás.  Ela? Ela não é um personagem. É real. Seus problemas com o corpo são reais. Não, eram reais.

A menina de franja já escutou muito nesta vida, talvez precise de outra vida para assimilar tudo o que já vivenciou. Escolheu uma profissão que joga com egos e exige um padrão de beleza inalcançável.  Ela prefere escrever, gritar, ficar atrás de uma tela de computador para não se sentir fora do “ideal”. O que é ideal? Um cabelo liso. Olhos claros. Um corpo magro e que possa ser admirado nas praias brasileiras.

E ela escuta “precisa emagrecer”. A garota percebeu que não se sentia incomodada com o peso a mais. O problema está em que se incomoda com o peso dela. Tanta preocupação em agradar que esqueceu o quanto é bonita a sua bunda, os seios fartos, o rosto e aqueles olhos em formato de canoa. Ah, como pôde deixar que te ferissem com frases delineadas de falácias? Tão bonita. Tão criativa. Engraçada e inteligente. Quente. Linda. Ela é você, você é ela. Nós.

Não, você não precisa emagrecer. A magreza está ligada a uma busca vazia: a beleza. Ela acaba sabia? A beleza pode ser enterrada a qualquer momento, a tua poesia neste mundo não será. Emagreça por você, para a sua saúde e JAMAIS para alguém. Emagrecer para teus amigos te elogiarem?  Você tem que ser elogiado pelo o que é e não como é. O teu peso pouco me importa, quero que faça meu coração acelerar e/ou me fazer suar na cama. Quero risadas e histórias emocionantes. Corta as piadas sobre o teu peso, responde na hora que não gostou. Responde que tu és maravilhoso. Isso é a única verdade diante de tanta preocupação alheia.

É teu corpo. As estrias possuem histórias de dor e alegrias. Emagrecer não é errado, errado é perder peso para se sentir aceito no mundo. Tem certeza que quer caminhar com os iguais? Com os que recusam a acreditar que alguém possa se interessar por quem não veste 36? Tem certeza? Digo-te do fundo do meu coração: eu não estou gorda. Eu estou feliz. Sofro de ansiedade e um distúrbio da tireóide. Em 2014 eu estava no meu peso ideal, este ano engordei e tive que ouvir de amigos “precisa emagrecer”. RÁ. RÁ. RÁ. RÁ. Provavelmente, em 2016 eu perderei o que ganhei. Perderei por mim, pela minha coluna que pode estar prejudicada por causa dos abundosos seios. Será o efeito sanfona. Talvez eu tenha sido a sanfona de Luiz Gonzaga nas vidas passadas.

“Tem um rosto lindo. Só precisa perder cinco quilos ou dez.” Não, você não precisa.  A pessoa que falou esta frase  precisa PERDER algo que ame. Para se ocupar com outros sentimentos além da perversidade. Não se mutile. Joga para fora este ressentimento e me chama para comer pizza. Não chora, não toma suco verde, não faz dieta louca para ter um corpo que essa sociedade vergonhosa quer. 

“Fulana vai na frente porque é mais gordinha”. Não, fulana vai pegar um ônibus e encontra com você lá.
“Acho que não fica bem em você.” Isso quem decide somos nós.
“Preciso emagrecer para ir à praia.” Não, você só precisa de dinheiro para conhecer as melhores praias.


Imagine que o corpo é um pote. Ele guarda a sua essência. Ele tem que ser cuidado para não quebrar. O importante está dentro deste pote. ACREDITE! 

22 novembro 2015

Antes dos 25



Escrevo ouvindo What’s Up da banda 4 Non Blondes  e me emociono com a letra, mas não deixo as lágrimas de gratidão caírem no meu café. O aroma preenche o meu quarto e fecho os olhos para inspirar esse momento.  O momento em que me despeço dos meus 24 anos.

Eu sei, quem faria um texto para despedir-se de uma idade? Eu. Eu faria. Estou fazendo. Aos quatorze anos, acreditei que jamais chegaria aos dezoito anos.  Achei que possuía a responsabilidade de preencher o vazio que a minha irmã deixou. Acreditei cegamente que era possível. Meu Deus, como eu estava enganada! Aos dezoito anos acreditava que não chegaria aos vinte anos. Sentia o mundo contra mim, sentia que não era aceita (por que as pessoas riam de mim no ensino médio? O que fiz para elas?), sentia que a minha existência era insignificante e realmente esquecia o quanto eu era importante e amada por meus pais e amigos. Aos dezoito anos eu continuava em busca do significado da vida. Uma busca perdida e desgastante. Uma busca inexistente.  Uma busca interrompida por não encontrar.

Aos vinte anos, achei que jamais passaria dos vinte e quatro anos. E foi no dois ponto zero que o meu universo mudou. Aos vinte eu experimentei o amor, experimentei orgasmos múltiplos, experimentei ser amada, elogiada, prender atenções ao contar histórias ou fazer comentários engraçados. Foi aos vinte que coloquei o meu coração em uma mala para entregá-lo em outro Estado.  Com vinte anos eu sentia que tinha o mundo em minhas mãos. E de certo modo, eu tinha. Eu me tinha, eu me permita. Vi amigos me traindo, vi alguns partindo, me vi como pilar mais resistente diante da vida e seus testes. E então, com um piscar de olhos, tudo mudou. TUDO. T – U – D – O . EU ME PERDI. ME ANULEI. E ANULEI OUTRAS PESSOAS DA MINHA VIDA. Com vinte e três anos perdi noites em claro ao tentar idealizar como seria se meus pais saíssem do piloto automático. Tentei imaginar a volta das pessoas que saíram da minha vida, tentei imaginar como seria se, aos vinte e três anos, o meu coração não estivesse quebrado. Não havia cola para esse tipo de restauração. Eu andava com um coração danificado e ninguém percebia. Eu deveria ter colocado com cuspe (acabei de pensar nesta possibilidade, mas já é tarde). Talvez desse certo. Pelo menos os envelopes de cartas ficam bem lacrados...

E com vinte e quatro anos chorei muitas vezes, fiz preces para que tudo ficasse bem, para prosseguir na “grande colina da esperança”. Foram tantas preces. “Hey, Deus o que está acontecendo?” E as respostas eram com o cri cri cri de grilos. Mais uma vez, pensei que  não passaria dos vinte e quatro anos. E então algo acontece, não com abóboras que viram carruagens ou roupas da Marisa que são transformadas em belos vestidos de época. O que ganhei se resume em uma frase: o poder de suportar e deixar-se ser acalentada por amigos. Prestes a completar vinte e cinco anos percebo o quanto sou grata por ter cicatrizes. Sou grata por tudo que conquistei, os amigos que cultivei e as gostosas gargalhadas que me presentearam. Não importa se completarei vinte cinco anos, não é o fim do mundo. É o rito de uma garota que transpira gratidão, é a despedida de um período mais complicado que equações. É o rito de passagem para o desconhecido.


Obrigada! A todos! A todos que torcem por mim e apoiam. Obrigada aos meus pais (momento de agradecimento no Programa do Faustão) que são tudo para mim. Obrigada a Camilla que me guia mesmo estando em outro plano. Obrigada aos leitores deste blog (sem as mensagens de vocês eu não conseguiria). Obrigada à Ciranda de Viados™, obrigada a Deus por ter criado Adam Levine e Adele, obrigada a quem inventou a cajuína, obrigada pelo Vendo Você Beijar Outras Bocas™ e a quem duvidou da minha capacidade. De coração, obrigada. É dançando em cacos de vidro que farei plié. 

15 novembro 2015

Umbuzada Sonora

Once Upon a Time (era uma vez em inglês), em um vale chamado “Vale do São Francisco”, um ‘BOSQUE’  conhecido por Juazeiro da Bahia. Juazeiro é uma cidade que transpira cultura, simpatia, ruas apertadas e festivais com música alternativa, folclórica e reggae. Bem, eu conheço apenas uma banda de Juazeiro. Ivete Sangalo é o nome da banda.

Deixando a brincadeira de lado, há bandas legais neste bosque encantado. Inclusive, tem um ano que passei a maior vergonha de todas as vidas ao conhecer uma banda juazeirense (leia-se Soda Solta). Estou me perguntando se a banda é de Juazeiro ou Petrolina, mas não importa... É farinha do mesmo saco. A diferença é que Petrolina tem Shopping e aeroporto. Mas Juazeiro ganha porque tem: I V E T E   S A N G A L O.  O assunto não é Petrolina versus Juazeiro, até porque não há rivalidade. Há amor. Eu nunca vi duas cidades tão maravilhosamente unidas e divididas por um rio e uma ponte.

O festival  ‘Umbuzada Sonora’ está em sua  edição, aconteceu na Arena do Centro de Cultura João Gilberto em Juazeiro. Em cada edição,  o festival, nos fornece música de qualidade, independente e visibilidade para as bandas locais. Fornece também decepção amorosa, TOUR VENDO VOCÊ BEIJAR OUTRAS BOCAS e uns héteros que de longe parece hétero e de perto fala “INHAÍ”. Acho que estou esquecendo algo, mas é mentira. A gente nunca esquece quando vai sensualizar para o  boy e a namorada chega reivindicando a boca dele. SIM! COMEÇA AGORA, MAIS UM TOUR VENDO VOCÊ BEIJAR A SUA NAMORADA SEM GRAÇA™.

 

Combinamos com um pedacinho da Ciranda de Viados para ir ao festival e esquecer as mazelas que há no mundo e país. É claro que gostosas gargalhadas estavam chegando, principalmente quando a gente decide fazer a competição do falsete e  som para na hora. Olha só que coisa linda. É claro que gostosas gargalhadas iria acontecer quando fico secando o vestido dos outros e passo a mensagem errada. Moça, calma. Eu só estava decorando o modelo do seu vestido para mandar a minha costureira, Cida, fazer igual. NÃO PRECISAVA PERGUNTAR SE EU QUERIA A BALA DA SUA BOCA.

 

Eu fico imaginando Deus, lá em cima, comendo pipoca e me assistindo passar vergonha sem piscar. “Agora eu vou fazer a menina oferecer bala a ela. Kkkkkkkk”. “Agora eu vou colocar aquele cara bonito, que eu fiz, perto de Calincka para ela sensualizar. KKKKKKK.” E foi assim, que eu me apaixonei pelo cara bonitinho da festa. Quando eu falo que vou ‘sensualizar’, não é colocar dedinho na boca, dançar até o chão, jogar o cabelo. Eu só arrumo a franja, olho se o batom está borrado, arrumo os peitos dentro do sutiã e... ENCARO A PESSOA. E FICO ALI ESPREMENDO OS OLHOS POR CAUSA DA MIOPIA ( QUE DÁ O EFEITO DE QUE EU ESTOU PAQUERANDO). E foi neste momento em que a namorada dele nos pegou quebrando o nono mandamento da Bíblia. Não cobiçarás a mulher do próximo ou o homem. MUITO FÁCIL PARA DEU ESCREVER ESSE MANDAMENTO EM DUAS TÁBUAS PORQUE ONDE ELE ESTÁ NÃO TEM FESTIVAIS, FACEBOOK, INSTAGRAM, ÔNIBUS, ADAM LEVINE...

 

Sim, a namorada viu e puxou ele pelo braço e saiu desfilando com ele na minha frente. OSTENTOU O BOY DELA. CADÊ O ARREBATAMENTO NESSAS HORAS? O que tinha de sem graça... Tinha de FUNK OSTENTAÇÃO. Faltou chegar a mim e dizer “miga, é meu”.  AAAAAAAH, MAS VALEU APENA VER QUE EU PELO MENOS FAÇO O EFEITO DE AMEAÇA. Uma professora minha e uma amiga ficaram dando gostosas gargalhadas da situação, mas eu superei porque às vezes Jesus se disfarça de boy acompanhado para testar a nossa fé.  E ainda bem que tinha algo me esperando em casa. NETFLIX.




08 novembro 2015

O eco do racismo


Maria Júlia Coutinho, ou mais conhecida como Maju Coutinho, é jornalista e apresentadora. Recebo Maju todos os dias na minha casa ao assistir, o principal telejornal brasileiro, o Jornal Nacional da Rede Globo. Quanta simpatia ao apresentar o clima nas principais cidades do País! Taís Araújo é atriz, também, da TV Globo. Cresci assistindo a atriz em diversas novelas e muitas vezes em horário nobre. Já torci por um final feliz para as mocinhas que a atriz interpretou.

O que a jornalista e a atriz possuem em comum? A pele negra? A beleza? A visibilidade? O sucesso?  O cabelo Black Power? Gostaria que esses fossem os únicos fatos em comum, mas não é. Em setembro Maju foi vítima de comentários racistas na internet. Alvo de pessoas preconceituosas e que acham que a sociedade brasileira é 90% branca, cabelos loiros escorridos e com olhos claros. Será que estudaram história ou acham que estão em outro país? Se o padrão de beleza que eles procuram no Brasil forem este, para eles, eu tenho uma má notícia!

No início de novembro, a atriz Taís Araújo foi hostilizada com comentários racistas ao atualizar a foto do seu perfil no facebook. Em um intervalo de quase três meses, duas pessoas públicas foram discriminadas por sua cor e cabelo. Como ousam dizer que não há racismo no Brasil? Como ousam dizer que é vitimismo? Todos os dias o negro é vítima de preconceito na entrevista de emprego, no trabalho, na escola, na moda, ao ser confundido como bandido porque estava segurando a mão de uma mulher branca, ao ver que apenas crianças brancas são adotadas e até mesmo ao ver que a Barbie negra é mais barata que a loira. Somos negros. Somos mulatos. Descendentes de índios. Somos a mais bela mistura, temos cabelos lindos, sorrisos convidativos e temos o olhar que carrega a esperança de que um dia reconheçam que a cor da pele e opção sexual não importa e não faz a diferença.

Ao ver internautas em defesa de Maju e Taís Araújo, acredito que estamos em progresso. Um progresso lento, mas significativo em comparação aos séculos passados. E espero que o respeito à igualdade torne-se um vírus e contamine toda a nossa sociedade para que nunca mais precisemos ouvir o eco do racismo.


26 outubro 2015

A menina que colecionava combinações


Sentadas na praça de alimentação do shopping, tentando atualizar-se com os acontecimentos da vida após a separação da faculdade, duas amigas riem, reclamam e falam sobre homens. Parece roteiro de filme para pré-adolescentes, mas pode ser um dia. Vai saber, né?

As duas amigas saudosas gargalham com novidades pacatas, mas significantes. Em meio a tantos temas elas falam sobre um aplicativo de relacionamento e as conversas que foram obrigadas a presenciarem (arrastou a foto para o lado direito, agora aguente) ou finalizarem. Até que, infelizmente ou não, uma comenta sobre a existência de um outro aplicativo que anula as fronteiras do aplicativo de relacionamentos chamado: TINDER. OH, A TECNOLOGIA AJUDANDO A ILUDIR AS PESSOAS!!! COMO SE O SER HUMANO NÃO PUDESSE REALIZAR ESSA TAREFA SOZINHO!!! Impressionante como a minha curiosidade não tem um botão STOP. Acho que já me entreguei, né? Ok, já fiz revelações piores...

Acho que não é preciso dizer que baixei o aplicativo, ativei a localização falsa e já estava no: RIO DE JANEIRO. Critério de escolha? Nenhum. Começou sem critérios e depois evoluiu para apenas uma finalidade: DAR GOSTOSAS GARGALHADAS E CONTAR ISSO EM FORMA DE TEXTO. Sem ao menos piscar eu estava no Rio Grande do Sul entre as cidades: Santa Maria, Cachoeira do Sul, Bagé, São Gabriel... Até aí tudo bem, mas aí eu fui para outros Estados e depois fiz viagens internacionais com o TOUR DAS GOSTOSAS GARGALHADAS™. EU SEI, É LOUCURA. FOI LOUCURA. AINDA É, MAS A CADA COMBINAÇÃO COM HOMENS LINDOS... Eu só conseguia sorrir e me perguntar “Deus, o que está acontecendo?”. Pensei que iria me safar ilesa só olhando, mas AS MENSAGENS COMEÇARAM A LOTAR A TELA DE NOTIFICAÇÕES DO CELULAR. Eu coloquei o endereço deste bendito blog para perceberem que de mim só sairia um texto, mas o ser humano aprendeu a esperar pelos filmes em vez de ler os livros ou blogs.

COMO EU IRIA RESPONDER A TANTO HOMEM QUE EU NÃO ESTAVA NA CIDADE DELES? Ok, respondendo com “oi, eu não estou na sua cidade. É só um aplicativo que engana a localização e aí permite que eu possa dar match com você. Inclusive estou em Pernambuco com várias coisas esperando ser feitas, mas eu precisava dar uma olhada em outro Estado e fingir que nada aconteceu. Só que eu resolvi te contar porque você tem a cara do pai dos meus futuros filhos”. MAS É CLARO QUE EU NÃO IRIA FAZER ISSO TENDO A OPÇÃO: negar as aparências, disfarçando as evidências. Eu comecei a criar histórias magníficas. A cada  “o que uma pernambucana faz por aqui?” eu tinha vontade de dizer que estava vendendo a minha arte ou que era dançarina do Aviões do Forró. Respostas básicas. Parecia que um nordestino andando por outra região era crime e suspeito (apesar de eu ter um nome incomum, usar franja aos 24 anos e baixar um aplicativo que enganava a minha localização). EU SEI QUE MENTI DEMAIS, MAS EU RIA TANTO QUE NÃO ME SINTO CULPADA ATÉ HOJE. Me perdoem, mas cada conversa me fez ver vários lados do ser humano e aprender algumas coisas. Sim, dá para tirar lição moral!

Conversei com dois gaúchos  desconfiados e que acreditam na imagem da eterna pernambucana andando  com lata d’água na cabeça. Tudo bem, eu não os culpo por isso. Eu ainda acredito que o chimarrão tem cara de chá de boldo. Estamos quites! Os cariocas são simpáticos e adoram dizer “você é gostosa” a cada frase que soltam. Mesmo você não estando no cardápio de uma sorveteria, a frase realmente te faz parecer que você é GOS-TOSA. Os mineiros são... São... QUIETIN. Os paulistas já chegam “oi me encontra lá nas filmagens de Top Gun. Sou o que você quer”. SÉRIO. EU RECEBI ESSA. E o motivo de eu não ir ao Nordeste? Muito quente para fazer peregrinação por lá.

Participei de conversas geniais, insanas, machistas, delicadas (tinha acabado de perder o pai estava no Tinder para achar uma psicóloga. SIM, ISSO MESMO) e sinceras. Eu li de tudo um pouco. Conheci um cara que tem duas mães (família homoafetiva) e conversávamos sem dá conta do tempo. VIRAMOS AMIGOS DE INFÂNCIA. Com o passar dos dias, eu fui rindo menos e cansando de ter que inventar uma história nova para cada combinação. Estava quase deletando o aplicativo quando resolvi colocar a localização em PORTUGAL. E AÍ EU ME VI SENTINDO FALTA DO “CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS” QUE NUNCA TIVE. ERA CADA HOMEM LINDO QUERENDO SABER O QUE EU FAZIA EM PORTO DE PORTUGAL. Aos que me adicionaram no whatsapp: um eterno obrigada, o sotaque de vocês é uma delícia. Vocês querem saber o que eu fazia em Porto de Portugal? Ah, eu estava lá para me matricular na pós-graduação. NA UNIVERSIDADE DO PORTO. E IRIA MORAR LÁ EM DEZEMBRO. Eu sei que ainda há várias pessoas me esperando por lá, mas histórias precisam ser contadas. Eu sei que neste exato momento há pessoas me bloqueando, desfazendo nossa família no The Sims4 ou me amaldiçoando eternamente. Não guardem rancor, vocês me fizeram rir por 15 dias.  

É claro que o jogo sempre vira. Virou no exato momento em que contei para um cara engraçado toda a verdade e a finalidade deste “TOUR DA DEPRESSÃO”. Ele riu bastante e não me achou louca o suficiente para me afastar. AINDA. O fato é que contar a verdade e toda a história para ele parecia o certo... E quando eu vi estava discutindo – por  vídeo conferência – a quantidade de filhos que teríamos, imitando caras de bonecas em filmes de terror ou mostrando a bagunça do quarto e compartilhando as tatuagens. EU SEI. EU SEI. NÃO PRECISA GRITAR COMIGO, MAS EU ILUDI MUITA GENTE FORA DO ESTADO E DO PAÍS. É CLARO QUE A VIDA IRIA COLOCAR A MÃO NA CINTURA E DIZER “OI MIGA, QUEM ESTÁ RINDO AGORA?”. Pelo menos é brasileiro. Ok, não adianta nada.

As combinações foram divertidas, os dias foram amenizados, algumas histórias guardadas de tão bonitas e gentilezas retribuídas. Não importa onde você está, quem é ou o que quer. Você possui um poder enorme de fazer alguém sorrir e ser leve, mesmo sem se dar conta. Obrigada. De coração.



    

12 outubro 2015

Estatuto da Família



- Vou fugir de casa.

Certa vez li uma entrevista com o cantor Renato Russo, eu tinha quatorze anos e o que ele falou sobre a letra da música “Pais e filhos” nunca foi apagado da minha mente. Uma pré-adolescente não possuía o poder de análise crítica para entender que a letra era sobre um suicídio e a relação entre pais e filhos em diversos aspectos.

Uma mensagem forte. Uma garota que se jogou da janela do quinto andar. Classe média alta.  O filho quer fugir de casa. Pais divorciados. Relações perturbadas e sem compreensão. A criança que quer colo. O filho que vai voltar depois das seis. A criança que mora na rua e a que passou por diversos lares adotivos. Renato já cantava a realidade antes de eu nascer, aprender a ler e escrever. Renato Russo gritava seus sentimentos em forma de canções e, infelizmente, não presenciou a luta sangrenta das famílias homoafetivas que querem ser um lar. Torna-se um lar. Uma batalha injusta para quem quer apenas acolher um ser pequenino e poder estar nas definições sobre família.

Imaginem quantas crianças estariam fora de centros de reabilitação por se envolverem em  crimes ou com as drogas. Imaginem quantos adolescentes poderiam ter uma educação digna e amor sem tentar o suicídio. Agora multiplique. Acho que os componentes da Câmara dos Deputados do Brasil, que aprovou em setembro a definição de família no Estatuto da Família, não sabem multiplicar e/ou raciocinar. Ganham um dos maiores salários do país e fazem as leis que querem...  Aprovam aquelas do próprio interesse. Por qual motivo iriam se importar com a criança que só quer uma casa porque os pais biológicos foram negligentes? Por qual motivo iriam se importar com a família formada por duas mães ou dois pais desejarem adotar uma criança? Por qual motivo você continuará esquecendo que garotas se jogam do quinto andar todos os dias e que há crianças morando na rua?


Esperei pacientemente pelo Dia Das Crianças para dizer que SÓ A FELICIDADE DA SUA CRIANÇA NÃO BASTA! Esperei pacientemente para te acusar hoje, 12 de outubro, por negligenciar apoio a quem quer um lar, ser feliz, independentemente de serem dois pais ou duas mães. 

04 outubro 2015

Bom dia meu bebê, te amo meu bebê

Nossa, quanto tempo hein? Como estão? Não, não precisa responder. Menina Calincka tem andado ocupada (estava presa nas garras da rotina), MAS SEMPRE HÁ TEMPO PARA SOFRER NOVAS DECEPÇÕES. E é neste ponto que a história começa. Sabe aquela novela que você move o céu e a terra para não perder nenhum capítulo? E o final é uma Porcaria? Então.

Eis que eu conheço um alguém. Vamos chamá-lo de Adam (Levine). Adam é bonito, educado, gosta das mesmas séries que eu, gosta de Kings Of Leon, toca violão, tem um cabelo lindo e um sorriso que seduz qualquer mulher. Adam é engraçado e entende as minhas piadas. No primeiro encontro ele pediu caipirinha sem saber que eu gostava. UM PONTO PARA ELE! Segurou minha mão algumas vezes sem nenhuma preocupação e era tão normal. Parecia que a minha pequenina mão já tinha encontrado a dele. Ele contou sua hisstória, falou sobre a família, sobre o Chile (ele morou quatro anos lá com a mãe e padrasto), sobre bandas e livros. O beijo dele era tão familiar que chegava assustar. Eu não conseguia parar de imaginar a boca dele sabe onde? Isso mesmo, na cara dos nossos filhos.

O segundo encontro foi uma mistura de nostalgia porque ele me levou para um aniversário de criança. A aniversariante é filha de um amigo dele que nos recebeu bem, mas havia algo errado por ver Adam vasculhando o local e indo cochichar com o amigo algumas vezes. Cheguei a pensar que o problema era comigo. Passei metade da festa sem triscar em nenhum brigadeiro porque estava imaginando mil problemas na minha cabeça. Perguntava-me se os dois me atraíram para uma festa de criança com a intenção de traficar meus órgãos. Sério. Imaginei tudo, menos uma coisa...

No terceiro encontro eu pensei “agora vai”. E não foi. Estávamos no shopping, sentados na praça de alimentação, a espera da fila para entrar no cinema. O celular dele toca e ele finge que não estava ouvindo. “ONW QUE FOFO, NÃO QUER ATENDER PORQUE ESTÁ GOSTANDO DA MINHA HISTÓRIA”, pensou a trouxa. Depois de pedir seis vezes para ele atender... A primeira frase que ele solta ao atender: OI MEU BEBÊ!!!!! Fiquei mais parada que manequim de loja. E ao prestar atenção na conversa, não era um bebê de verdade. Sabe? Não é esses bebês que depois de nove meses a gente vê o resultado... Era esses bebês que falam “OI MOZI” ou “OI MEU TUDO”. Como lidar? Agindo naturalmente. “Eu namoro há seis anos. Mas está desgastado e eu gostei de você.” Que lindo!!!!!!! ONW, ele gostou de mim!!!! MAS NAMORA HÁ SEIS ANOS!!!! QUE LINDO, GENTE!!!! Ele perguntou se eu estava chateada... OLHA A PERGUNTA. REPAREM NA PERGUNTA. Pedi licença para ir ao banheiro e foi naquele momento que eu decidi ir à bilheteria comprar outro ingresso para outro filme e voltar para a mesa.

Pedi para Adam escolher os nossos lugares enquanto escolhia os doces. Entrei na outra sala e assisti sozinha “Mazer Runner: prova de fogo” dando gostosas gargalhadas enquanto bloqueava-o nas redes sociais. PARECE QUE O JOGO VIROU. TCHAU MEU BEBÊ!!!!


15 setembro 2015

Carta para acalentar o coração

Oi, 

Sou do futuro. Você ainda não me conhece, mas fiz uma longa viagem para te dizer algo. Não pretendo te pegar no colo e ninar, mas preste atenção em tudo que eu vou te contar. Anos atrás perdi o chão. 


O meu farol não existia mais e estava em um barco sem remos. Eu queria me afogar naquela dor, eu precisava. Em um momento, e inevitável, a vida me impulsionou para a terra firme. Eu continuava tremendo de frio e não sabia o que fazer com aquele lugar vazio, medo e coração apertado. Pensei que nunca mais iria sorrir porque chorei muito. Eu queria meu farol. Eu queria a outra parte de mim. E queria voltar para o barco.      

Em um piscar de olhos, perdi o barco e olhei ao redor. Não havia ninguém, porque eu não queria. Deitei-me na areia. Eu adoro a sensação da areia nos meus pés, algo tão simples e tão significante. Ah Illana, e as ondas? São lindas. Vai e vem em um ciclo sem fim. Eu continuava com meu coração apertado por questionar a ausência do meu farol. Como eu poderia ser guiada? Eu não queria aceitar. Nem toda luz que se apaga pode ser trocada e doía demais, sabe?

A dor não passava, mas com o tempo ela amenizou. Ainda está aqui comigo. E não me domina mais porque eu tenho uma família linda, tenho amigos que seguraram a minha mão quando achei que iria cair. Eu consegui realizar sonhos (não posso te contar porque é um segredo, mas você um dia vai descobrir), conquistei, às vezes chorei sem ninguém ver e ao passar dos anos... Percebi que o meu farol está dentro de mim e me protegendo. Ele nunca deixou de existir Illana!!! Ele continua me guiando e estou tão forte e feliz. Nós nos encontraremos e você constará que tudo isto é verdade.

AH, esqueci de me apresentar. Que falta de educação da minha parte! 

Eu me chamo VOCÊ, vim do futuro ao seu encontro para assegurar que você ficará bem. E se você estiver interesse em saber como está fisicamente no futuro... Continuamos lindas e os nossos amigos estão nos apoiando, como sempre apoiaram. Não tive muito tempo para te entregar essa carta pessoalmente, mas entreguei para pessoas maravilhosas. Elas vão te entregar com abraços apertados.  














06 setembro 2015

Ele mora longe

Se os sintomas de um infarto agudo no miocárdio FOR UMA PALPITAÇÃO A CADA VEZ QUE VEJO ALGUÉM INTERESSADO EM MIM, MAS QUE MORA LONGE... Eu devo ter ressuscitado só esse ano umas 327 vezes. Talvez seja Karma, talvez culpa do meu signo – já que todo mundo pode colocar a culpa no signo, eu também posso – ou a minha preguiça de ter que paquerar nos lugares.

PAQUERAR CANSA. Parece que estamos em uma esteira sem fim onde, o personal, só vai aumentando a velocidade e tentamos acompanhar. Algumas vezes com sucesso, outras vezes é um desastre. O mundo está dividido entre quem deve ter atitude para iniciar uma conversa e quem deve esperar essa atitude. Claramente, estou na segunda divisão como alguns times de futebol. A conversa morre no primeiro sinal de “meu Deus, ele não vai mais perguntar nada?”. Ninguém coopera. “Ah, mas você tem que trocar olhares.” Eu até troco olhares, mas sempre olho para trás achando que estou na frente de algo que a pessoa queira ler.

Bares, faculdades, elevadores, ônibus... Tudo acaba em um “e se”. E se eu tivesse pedido o número? E se eu não desviasse o olhar? E se ou fosse mais ousada em vez de tentar fazer a pessoa me achar divertida? E se... E se eu deixasse tudo isso pra lá e continuasse a minha sem  importar com essa estiagem na minha horta? Então. É o que estou fazendo. OU ESTAVA. ATÉ O EXATO MOMENTO EM QUE UMA DIVINDADE ILUMINADA, QUE MORA NO CÉU E TEM UM MONTE DE EMPREGADOS (leia-se anjos), ME ENVIA UM PRESENTE. O presente é à distância. Mais uma vez. Para variar. Como sempre. Tem como ser embaixadora de uma ONG com o objetivo de ajudar os humanos que se interessam por quem mora LONGE? Em vidas passadas, eu devo ter escrito muita carta de amor – à mão e com pena – para soldados de guerra, prometendo amor, oito filhos ou trocar os curativos.              

Como assim? Quase 2016 e ainda tenho essas paixonites que termina com cinco minutos de conversa por um aplicativo porque a pessoa não fala mais nada. Eu tenho preguiça de fazer fotossíntese, imagina ficar mandando mensagem... Atrapalhando a pessoa na hora da paquera em outro Estado. O que me parece é quer no vestibular do meu coração, só passa quem mora longe. Eu não acredito que terei que comprar um jatinho para namorar...

Você entra em aplicativos para conhecer pessoas na sua região e: só fotos de viagens feitas pelo projeto Ciência Sem Fronteiras, fotos na academia com o ar de “olha como eu malho, vou fazer você tomar suco verde também”, fotos cortadas com a ex do lado, mensagens pedindo praticamente seu CPF... NINGUÉM CONVERSA. AS PESSOAS NÃO SABEM CONVERSAR.  Quem destruiu o diálogo no século XXI? E é nesta brecha que aparece os que sabem conversar, sabem fazer piadas e argumentar.

A distância é horrível, mas é tão linda a comunicação. Ô VIDA.

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29 agosto 2015

Feminicídio

Como falar sobre um assunto sem encher os olhos de lágrimas? “Pesquisar.” “Estou com sorte.”

A definição de sorte pode ser usada facilmente em apenas ler as notícias espalhadas pelo mundo. Basta ver a quantidade de mulheres que são mortas por mãos machistas e mentes perturbadas. É horrível anunciar que tenho sorte por nunca ter levado um tapa, ter sido abusada ou ser acusada de algo que não sou? Pareço ser alguém que leva vantagem por isso? Eu sinto muito, mas não sei até quando estarei com sorte.

A sensação de impotência diante da vida é constante porque não sabemos em quem mais confiar. A justiça fica do lado dos homens enquanto você está viva. E, infelizmente, algumas mulheres só entendem a gravidade do feminicídio quando a vítima morre e seus filhos choram por não terem mais a mão carinhosa que acalentava. É preciso desenhar? Temos que fazer diversos LIVROS PARA COLORIR ABORDANDO RELACIONAMENTOS ABUSIVOS E O MACHISMO? É preciso ESCREVER SÉRIES AMERICANAS COM PERSONAGENS – CATIVANTES – QUE SOFREM NAS MÃOS DE COMPANHEIROS OU EXS? Mas como CRIAR um personagem cativante SE A CULPA É SEMPRE NOSSA? A culpa por todo o sofrimento sempre vai ser do personagem.  AH, AGORA VOCÊ ESTÁ PENSANDO SOBRE O ASSUNTO? SÉRIO?

O cabelo grande, o cabelo curto, o tamanho do short, estacionou na minha vaga, o batom vermelho, terminou comigo, chegou tarde, o filho não parece comigo... São perfeitas desculpas para você maltratar ou matar alguém, né? AH, ME DESCULPE. ESQUECI QUE MULHERES NÃO POSSUEM VOZ! Está enganado quem acha que podem nos calar. Estamos em todas as partes, desde o seu desenvolvimento no NOSSO ÚTERO até ao momento em que você é preso. Eu sou a sua mãe, a sua namorada, a delegada que está na sua frente e continuarei presente por onde você passar.  Não é difícil conhecer alguém que foi agredida verbalmente ou fisicamente por um homem. Infelizmente. E mesmo assim, mesmo tendo que lidar com notícias que nos desanimam, tendo que segurar o nó na garganta para ouvir o desabafo da amiga que chora compulsivamente – por ter sido agredida verbalmente - no telefonema da madrugada, mesmo sentindo a ameaça no silêncio... Não haverá descanso na nossa luta.  


Peço que antes de ensinar o seu filho para que time torcer... Ensine-o a ter a compreensão de entender o “não”, respeitar a nossa decisão, o nosso argumento, escolhas e sorrisos que não querem mais andar ao teu lado.    

23 agosto 2015

Existe amor na UNEB


A maioria da população brasileira (CINCO PESSOAS) sabe que o signo UNEB tem ascendente em greves. A pesquisa foi feita em uma mesa com jornalistas, advogados e uma Doutora em... Em... ELA É JOSÉ WILKER DO NORDESTE.

Festa de aniversário é sempre bom, né? E quando é de criança que envolve sacolinhas, picolé, pipoca, batata frita, algodão doce, criança chorando porque não ganhou sacolinha, Desejo de Menina, professoras da UNEB, um Camaro... É de longe a melhor festa. Um momento senhora, estarei contando a história quando conseguir resolver a questão: É “CAMARO” QUE ESCREVE? Vou pesquisar porque é uma palavra que não faz parte da minha rotina porque o meu carro é Joalina (pesquisem). Olha leitor, eu vou ficar um pouco dispersa no texto porque o vinho ainda está na corrente sanguínea e foram vários momentos de GOSTOSAS GARGALHADAS. Não espere um texto com as regras da ABNT e nem um artigo científico sobre um sábado com cheirinho de infância. Afinal, uma professora disse-me em plena entrevista de emprego que: meus textos não eram algo que poderia contribuir para certa área do jornalismo... ALOU PRÓ, OLHA SÓ... ESTOU FAZENDO A MESMA COISA QUE VOCÊ E O BLOG É LIDO POR D-O-U-T-O-R-A-S. Ah, 1x0 PARA MIM. Esse foi um oferecimento “passei um mês preparando a indireta”.

Tenho amigos que são humildes até na hora de explicar como vai ser o aniversário deles ou do parente. Eles começam dizendo “vai ser uma reuniãozinha” e esse é o código para parcelar, em dez vezes, o look de marca (C&A, eu te amo) e ir preparada para a reunião com direito a copo especial cravado de diamantes. Não se engane com o diminutivo, ele é cobra criada e pega você. Vai achando que a festa envolve apenas uma mesa e um bolo, vai. É claro que a experiência te faz agir naturalmente quando você chega à festa e vê TUUUUDO LINDO E ORGANIZADO. Você cumprimenta todos que conhece, senta, faz a fina e segura o impulso de tirar o salto para brincar com as crianças. E por falar em crianças... Ô VONTADE DE IR ATÉ OS PAIS E PEDIR OS ÓVULOS E ESPERMATOZÓIDES CONGELADOS PARA PODER FAZER UNS “MININÚ” IGUAL. MUITA CRIANÇA BONITA, mas isso não quer dizer que elas esperam a vez de cada uma pegar a sacolinha educadamente... Sem alardes, sem choro... FIZ UM MOVIMENTO BRUSCO E VI QUE O BOLO SÓ FICOU EM CIMA DA MESA PORQUE ERA PESADO. Eu vou abrir uma empresa que coloca cerca elétrica ao redor da mesa com doces e sacolinhas. Vai ser sucesso.

A empresa também vai auxiliar que o animador da festa não faça brincadeiras que envolva cadeiras para não deixar os convidados em pé. Sim, os convidado chegando e o palhaço “VAMO BRICAR COM A BRINCADEIRA DA CADEIRA, PEGA AS CADEIRAS”. A minha amiga nervosa porque as nossas professoras estavam chegando e zero cadeiras para elas. É claro que nessas horas baixa a sinceridade e a gente toca no ombro do palhaço e decreta o fim da brincadeira porque as pessoas precisam sentar. O palhaço ficou bem triste comigo, mas eu o encorajei com “coloca esses meninos pra correr”. Ficou tudo bem. 

O melhor estava por vir com a chegada da orientadora que vai colocar minha amiga na justiça para ganhar dois mil e quintos reais (sério) porque o TCC foi premiado, a doutora da faculdade que os alunos reclamam porque ela exige os trabalhos, as provas, o empenho, Caio Castro... E UMA MAQUIADORA/JORNALISTA/COORDENADORA DE ONG/FUTURA TORQUATTO DA GNT... AH, mas teve assunto! Você foi citado leitor. Pode ter certeza. E olhe... O único momento baixo astral foi quando descobri que tem funcionária (aquelas que a gente pensa que escolheram entrar para a liturgia da igreja, o grupo de oração e abraçar o fato de não dormir de conchinha) da minha belíssima faculdade namorando e eu aqui... VENDO BEIJAREM OUTRAS BOCAS, DANÇAREM AS VALSAS COM OS DADY MAGIA (rindo horrores), AMAREM COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ...

Estão certas! Entregaram-se para as garras desse amor gostoso, mas precisava ser primeiro que eu? Precisava casar enquanto eu esperava dar seis meses para mudar o status de relacionamento no facebook???


DEUS, O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A MINHA
VIDA?

15 agosto 2015

Em busca


O que procura? Emprego? Fé? Amor? Independência? A busca por algo ou alguém faz parte da nossa jornada e, às vezes, só nos resta esperar porque não temos o controle de tudo. Não está em nossas mãos, não depende só de mim e de você. A vida é feita de esperas.

É válido ir até um ambiente calmo e refletir sobre o que você realmente precisa. A minha urgência era ajudar os meus pais financeiramente e mostrar que eu posso dar o meu melhor. Eu acabei me sufocando com as esperas, com as respostas que não chegavam ou ligações que não aconteciam. Estagnei. Parei de me culpar e me preocupar. Parei de pensar que os meus colegas – que recebiam a proposta de uma entrevista – eram melhores que eu. Eu faço vocês darem gostosas gargalhadas e eles não. Arrancar o sorriso de uma pessoa é melhor que puxar o tapete de quem precisa dele. E foi pensando assim que acalentei meu coração e disse a mainha que iria comprar uma casa para ela em outro bairro. Um dia.

O meu celular tocou ao som de “Lanterna dos Afogados” na voz da eterna Cássia Eller. A música, que coloquei como toque, tem dois trechos que fazem parte de mim, a Calincka que sente mais do que deveria e se preocupa. As frases que são como mantras: “uma noite longa pra uma vida curta, mas já não me importa. Basta poder te ajudar” e “eu tô te esperando, vê se não vai demorar”. Eu posso dizer que o celular tocou e uma porta se abriu. Não foi Moisés que dividiu o Mar Vermelho para que eu pudesse atravessar TODA LINDA DE VALENTINO. A calma no coração, aceitação e a crença abriram todos os oceanos para a minha passagem (tropeçando mesmo com sapatilha... e em planos sem obstáculos). E então veio a ansiedade de mostrar que eu posso dar conta, que eu posso contribuir com o meu melhor. A ansiedade me bloqueou como em uma jogada de vôlei que foi 7x1 para a insegurança, para o medo de apresentar um texto. E então ouvi “você está aqui para aprender e eu vou aprender com você”, mais uma porta se abriu. Se você deixar que o medo e a insegurança te dominem... Será uma eterna Copa de 2014, será um eterno tchau que não era pra você, um eterno Vendo Você Beijar Outras Bocas. Tem que se amar, tem que amar o que escreve, tem que esquecer o que a professora disse ao ler seu texto, tem que lembrar que há alguém no mundo que te admira, lembrar do painho e da mainha que acreditam todos os dias em você, esquecer que as pessoas te valorizam só se você tiver um livro publicado ou ganhar 10 no TCC.


Estava conversando com um ser e ele perguntou se eu namorava, depois de responder que estava solteira ele fez a seguinte pergunta “não tem homem na sua cidade?”. Olha, tem homem sim. Tem homem interessante, bonitos, simpáticos e sedutores. E entendi que em vez de estar buscando alguém, eu estou atrás de quem quero ser, estou indo segurar a mão do amor próprio. E foi pensando assim que saí do aplicativo TINDER e espero esbarrar com alguém em um corredor da vida (para deixar minhas apostilas da faculdade caírem e ser ajudada trocando olhares. Como acontece nos filmes). 

Eu tô te esperando!

11 agosto 2015

A vida de um estagiário


A culpa é sempre nossa. Não por sermos acusados de um erro, mas nós nos culpamos antes mesmo que alguém apareça e diga que há um erro. A GENTE JÁ SABE QUE ESTÁ ERRADO. Se ocorrer um acidente de trânsito em frente ao seu local de trabalho... Começamos a pensar “meu Deus, a culpa foi minha por não ser a Mulher Maravilha”.

A paranóia persegue a gente até o momento de dormir. E quando não conseguimos dormir ficamos pensando nas seguintes situações “o que será que eu vou quebrar amanhã?”, “será que o entrevistado percebeu que ficou sem a caneta porque me esqueci de devolver?”, “Será que eu mandarei e-mail sem anexar o arquivo novamente?”, “Quando o chefe me chamar na sala dele... Eu finjo um desmaio ou uma convulsão?”, “Meu Deus, tem duas pessoas com o mesmo nome. Eu salvo o número como Fulana que usa salto e Fulana que usa saia de reggae?” “Ave Maria, será que meu chefe sabe que eu tenho esse blog? Será que ele leu todos os textos? MEU DEUS DO CÉU!!! SERÁ?”. Aí você mentaliza “calma, calma, calma, calMAS SERÁ QUE ELE SABE MESMO DO BLOG E QUE VIM AO PLANETA DESTINADA A PASSAR VERGONHA?”.

A primeira semana ninguém te assusta, mas aí você derruba suco no teclado, manda e-mail para a pessoa errada, acha que ninguém sabe que você está ali suando frio e com medo de errar alguma coisa, fica em dúvida se a transcrição do áudio ficou apresentável, vai imprimir o texto e a impressora que não quer funcionar te obriga a fazer uma novena para Nossa Senhora dos Estagiários. Acha que ta sendo vigiada e que a qualquer momento Pedro Bial vai aparecer e falar com metáforas que você ESTÁ FORA DA CASA CHAMADA EMPREGO. Fica se perguntando e tentando lembrar-se dos slides que a professora explicava cada função, mas percebe que não tem nada a ver com nada. Tipo a fórmula de bhaskara. “Deixa eu usar aqui a fórmula de bhaskara para ver se o cobrador me deu o troco certo.”

A primeira vez que você vai produzir um texto em formato específico para uma das áreas do jornalismo é como se fosse fazer a primeira prova COM CANETA na escola. Lembra como era assustador? A prova ficava parecendo um quadro do Romero Britto. E então você é cativada pelas pessoas que trabalham com você, é cativada pela rotina e não se vê mais na procrastinação, não consegue se imaginar sem a sensação de que você está sendo desafiada e testada a cada minuto. E que um longo caminho com pedras (para construir meu castelo com Adam Levine) nos espera.


O melhor é que você surpreende as pessoas que não te deram uma oportunidade e pode dizer “PARECE QUE O JOGO VIROU, QUERIDINHA”. 

02 agosto 2015

25

Não, esse não é um texto sobre o novo álbum da Adele (aquele que iria sair esse ano, mas só vem com Jesus). São fatos que eu só percebi em uma boate ou já tinha percebido, mas esvaziei a lixeira da mente. Em novembro farei VINTCHY CINCO ANOS e estou me sentindo com (OI)TENTA.

Menina Calincka Saiu com a Ciranda de Viados, até aí tudo bem... Marcamos um local para nos encontrar porque era muita gente e sabíamos onde encontrar a metade do grupo. Fomos a um bar “novo”, chic, com pessoas que parcelaram as roupas caras em dez vezes no cartão só para aparecer lá e descolar algo... Algo como: a solidão. EU QUERO SABER O MOTIVO DAS PESSOAS SAÍREM PARA UM BAR COMO SE FOSSEM RECEBER UM GRAMMY. Eu terei que pesquisar o nome dessa doença. A primeira situação que me deparei foi com a hostess (porteira, pra quem não tem frescura) perguntando se estávamos na lista. DESDE QUANDO BAR TEM LISTA? EU QUERO BANIR ESSE BAR DA MINHA CIDADE. E AS PESSOAS QUE ESTAVAM LÁ TAMBÉM. Petrolina já foi mais humilde, eu adorava isso. Entramos porque já tinha alguns amigos dentro esperando a nossa presença. O fato de ter sido barrada tem a ver com a minha sandália rasteira porque ela olhou para os meus pés e eu dei uma voltinha pra ela ver de outro ângulo. O ser humano é o único animal que julga outro ser humano em vez de matar e comer... Se ela estava me achando pobre... ELA ACERTOU!!!!!!!!!!!!   

Meus amigos estavam com um casal americano e eles são SUPER/MEGA/HIPERCARD fofos. Simpáticos, alegres... Mudou minha concepção do que é “ser americano”. Cada país tem um estereótipo. Eu pensava que os americanos abraçavam sem encostar e ficavam pensando no valor do DÓLAR. O NORDESTE É UM PAÍS e também pensam que nós, nordestinos, comemos rapadura, farinha, cuscuz, tomamos cajuína e ouvimos DESEJO DE MENINA ou ARAKETU. E é verdade. Tentei usar o inglês do ensino médio, só tentei. Desisti e parti para o espanhol com “estoy aquí queriéndote Arr%mbaran nembmmeymymu qyaeti, meu deumus do céu deixaxwucitmrque no puedo comprender”. E como de costume eu tenho que passar vergonha porque é tradição, foi detectado no meu mapa astral e é do meu signo... O cunhado da minha amiga estava no bar e me aproximei perguntando pela a irmã da minha amiga e ele “EU NÃO SEI”. Oxeoxeoxe, depois eu me toquei que algo aconteceu para ele responder com frieza e falta de educação. Eles terminaram. Fiquei morta e tentei plantar bananeira para Deus me puxar pelos pés. Virei para um amigo e disse “vambora pelo amor de Deus”Fomos para a boate, um lugar agradável, com músicas de divas, gente suada dançando ao som de Lady Marmalade e as gays querendo pegar nos meus peitos... E descobri que estou velha. Dancei uns quatro minutos e a coluna doeu, o pulmão, a íris, meu dedo mindinho, minha alma... No quesito disposição eu levo a nota zero. O mesmo número de dinheiro na minha conta bancária.

Aconteceram gostosas gargalhadas e até arranjei um namorado lá... Só que ele não sabia que a gente tava namorando porque estava abraçado com a namorada. Segurou a bolsa dela, abanou quando ela começou a suar e eu só VENDO ELE BEIJAR OUTRAS BOCAS. Foi bom? Foi.


22 julho 2015

Recordações


A rede social “facebook” nos proporcionou a oportunidade de relembrar publicações antigas, datadas um ano atrás ou dois. É claro que a vergonha não é pouca por ter que excluir os restos mortais de um relacionamento ou amizade.

 O que você compartilhou é interessante e nostálgico? Quer relembrar com os amigos? Terá o trabalho de apagar comentários de pessoas que foram embora por vontade própria ou por sua pouca vontade para que permanecessem. "Você tem recordações com..." NAAAAAAÃO, POR FAVOR, NÃO! A MÃO DE EXCLUIR CHEGA A TREMER, mas nem todos os dias são “nossa, eu já fui amiga dessa pessoa?” ou “nossa, olha a legenda dessa foto. Passei tanto tempo procurando uma legenda para eternizar essa foto”. Você também dará gostosas gargalhadas – mesmo sendo gótico (a) – e comemorará vitórias... Como... Como... Como deixar de assistir uma série ruim, ver que certa disciplina não era tão chata, o emagrecimento, a Ciranda de Viados que você adotou, a superação pós Copa (7x1 ainda arde), a piada que não te faz rir mais, Giovana segurando vários forninhos e o Vendo Você Beijar Outras Bocas™ quase desaparecendo (o quase foi muito bem empregado porque ainda tem muito casal para pouca rede social).

LEITOR, eu nunca pensei que colocaria a mão na consciência diante de tanta besteira compartilhada. Ela pesou mais que açougueiro trabalhando. NOSSA, MAS É TANTA BESTEIRA, É TANTA HISTÓRIA QUE PODERIA TER SIDO ENGAVETADA COMO OS CASOS QUE A POLÍCIA FECHA, é tanta publicação gótica e ao mesmo tempo feliz, é tanta piada de tio no churrasco, é TANTA SELFIE COM A MESMA POSE. Eu fui castigada, como vocês (os que ficaram) aguentaram? Eu não sou roupa velha, mas me doaria de tão desnecessária que fui. E ainda serei, mas vim para ficar neste planeta destinada a sofrer com as próprias atitudes ridículas feat. Vergonhosas. Em universo paralelo eu não passo vergonha. Só em um universo paralelo.

O mais interessante é o amadurecimento que não demonstramos nas redes sociais. É a data em que você começou a trilhar o caminho para o sucesso profissional e/ou amoroso. O momento em que você saiu da própria concha e zona de conforto  sem reclamar e assustar. O que ninguém sabe é que por trás de cada dia há uma superação. Há a vida, a esperança, sonhos e perseverança. É impossível que alguém acompanhe e perceba o quanto crescemos, o quanto mudamos de um ano para outro por uma mera publicação. Você nunca saberá o que foi quebrado, em que momento “Davi encontrou Golias”, quando você decidiu virar o jogo e em que direção o vento está assoprando. Não é bonito saber que há uma grande história por trás de uma pequena frase compartilhada na internet? Eu acho fascinante e assustador saber que nunca teremos acesso a todo “arquivo” de um ser humano. É uma caça ao tesouro sem mapa.


Sinceramente? Eu só quero te parabenizar por todo conflito que eu não vi, mas sei que você enfrentou. Quero que leia em voz alta um texto antigo ou pensamento e reconheça que fez uma linda música de blues com a própria história, com a queda, ascensão e as batidas do seu coração. Parabéns!

13 julho 2015

Deu branco


Eu acordei sem inspiração, sem opinião, sem ter o que falar ou gritar. Acontece sempre e acho que é normal. Não é todo dia que teremos um dia produtivo, uma inspiração para escrever um texto “maravilhoso” ou ser criativos ao longo do dia.

Abro o Word e vejo a tela em branco e me pergunto “o que escrevo para quem acompanha a saga do meu blog?”. NADA. Na verdade, aparecem vários temas... Um pior que o outro. Sério, pensei em escrever sobre a redução da maioridade penal. Fiquei olhando o título e vi que ninguém precisa saber da minha opinião sobre. Também pensei em escrever sobre querer um namoradinho... E PRA QUÊ EU VOU ESCREVER ISSO? É SÓ ACHAR ALGUÉM QUE DIGA “SIM” (sem contestar) quando eu avisar que estamos namorando. Infelizmente, querer não é poder e o tema foi jogado para a esquerda como eu fazia no Tinder. E por falar em TINDER... Eu queria – mais uma vez – escrever sobre o aplicativo que virou sucesso para comediantes, mas vocês já sabem.

Pensei em falar sobre o meu café da manhã e como gosto de NESTON (???). Outro tema, que surgiu instantaneamente, é o fato de eu querer ser a Shakira. Para dançar como ela, ter um casamento como o dela, os filhos, a conta bancária... MAIS UM DIA SEM SER A SHAKIRA. Até quando Senhor? Ouça o som do vento, é Deus visualizando a minha pergunta e não respondendo. E por falar em mensagem... Que mania feia é essa de visualizar e responder com assinatura de professor corrigindo prova ()? Um pouco de respeito com meu psicológico, por favor! Queria escrever sobre a minha vida amorosa, mas prefiro que vocês acreditem que tenho sucesso em tudo. Principalmente na parte onde envolve a minha pessoa com um cara.  Iria contar, também, que um dos meus dedos do pé (o mindinho) está se afastando dos outros por causa das topadas na quina do sofá, mas pode ser por inimizade também.

Outro tema interessante, e daria uma boa peça de teatro, é o evento de que eu moro em um bairro há vinte quatro anos e conheço o nome de sete pessoas. SÓ. SETE PESSOAS. E O BAIRRO TODO ME CONHECE. Também... Olha meu nome!!! Aí mainha vem fofocar (mainha não fofoca, ela só comenta. Palavras dela.) e eu não consigo acompanhar porque não sei de quem ela está falando. Tenta me ajudar com “aquele menino que é filho de Chico do sucatão. O sucatão da Avenida dos Sonhos que foi construída no século XX e serve para as filhas de coisinha fazer caminhada para emagrecerem. Estão muito gordas. Você lembra! Teve até um dia que você olhou para a barriga de uma e achou que estava grávida...” e não consegue. Acho que sou a maior decepção para mainha quando ela quer fofocar.


E um assunto que deu “certo” foi esse branco que me deu a oportunidade de falar coisas aleatórias sem parecer que estou louca, uma deusa, uma feiticeira. Esse tema é demais! Deu branco aqui, mas que minha Nossa Senhora do TCC considere o fato de que eu não cuspi no vinho de Jesus e não me deixe esquecer nada na apresentação. Amém.  

09 julho 2015

Encontro com pessoas ricas


 Você já saiu com uma pessoa rica? Rica do tipo: tem um iate, come escargot, coloca um lenço no colo em vez de colocar na gola da camisa ou joga golf. Se você nunca saiu com uma pessoa assim, bem-vindo(a) ao meu lindo mundo. Porque seria um pesadelo.

Eu sei que muita gente quer um namorado rico, bonito, rico, inteligente, muito rico, MAS eu não sou todo mundo. Eu morro de medo de ir à cozinha na madrugada e ver um cara rico lá. Sério, seria um dos meus pesadelos. Eu tenho a impressão de que as pessoas ricas brincam de viver e que a qualquer momento descartam as pessoas que possuem uma renda menor em questão de segundos. Sem mencionar que a maioria é egocêntrica, te olha com nojo ou só quer aproveitar algo que você tenha (a sua beleza, poder em algo ou um talento que possa vir ameaçar a tal pessoa rica). Se já existe pessoas que se acham sem ter dinheiro... Imagina quem tem.

Em um diálogo com um amigo, ele contou que um cara rico estava interessado nele e fui fazer o que qualquer amiga faria: STALKEAR (vasculhar a vida dele pela internet). Bem, eu descobri que o moço pode gritar a qualquer hora “EU SOU RYCCAAAAAAAAA”. Fotos da mãe em belíssimos eventos (para pessoas ricas), a irmã viajou o mundo (não foi pelo Ciências Sem Fronteiras), o sobrinho parece aqueles bebês de comercial e o pai curtindo a vida em: IBIZA. Está pouco ou quer mais? O pobre menino rico é gay, mas não assume e desfila com lindas garotas no carro que nem sei o nome (só reconheço o Fusca e uma Vam). Sinceramente eu não nasci para ser interesseira, eu não sei lidar com esse tipo de mundo. No máximo, eu saberia lidar com compras na C&A. Não nasci em berço de ouro, mal consigo distinguir a taça de água para a de vinho e quando falam “senhora, você quer vinho tinto seco ou suave?” eu tenho vontade de pedir uma Coca-Cola. Imaginem Calincka namorando um cara que dá jóias, com esmeraldas, e ela dando um KAIAK no dia dos namorados... Pedi ao amigo para tirar o unicórnio da chuva e escolher outra pessoa. Não é preconceito da minha parte, é medo. Já ouvi muitas histórias de pessoas sendo humilhadas e abandonadas só com a roupa do corpo. Infelizmente é a realidade.

Eu sou aquela que curte coisas simples. Digamos que eu adore comer tapioca com a mão, passar o dia de moletom com meia e chinelo, comer como nordestino (farinha no meio), pagar meia no cinema, comprar bolsa de marca falsificada, gargalhar alto, usar sapatilhas, short folgado, correr atrás de ônibus (a vida tem que ter emoção) e ir para a faculdade de barca. Não posso negar que milhões na minha conta seria uma maravilha, mas posso afirmar que jamais agiria como uma pobre menina rica que bate o carro e no  dia seguinte... Compra um novo como se fosse comprar o pão que acabou.


Me leve ao cinema, a uma pizzaria, me compre livros, divida a batata comigo, segure a minha mão, elogie meus olhos, coloque mais água no feijão quando eu chegar, conte suas histórias e veja o quanto aprecio essas pequenas riquezas.