26 maio 2015

Devolução

Fui devolvida. Não por alguém, mas por algo. Fui devolvida para mim e eu gostei desta devolução. Eu me tenho. É como se eu estivesse vendo o mundo através de cortinas de papel com pequenas perfurações.

As cortinas foram amassadas. Rasgadas e quem sabe recicladas para que um livro nasça, um bloco de notas ou lembretes com frases contornadas por minha letra redonda. Olhe, não há preço ao acordar e perceber que corações partidos contam as melhores histórias. Que eles – os corações partidos – não vão para o mesmo lugar que suas canetas bic perdidas em todos os semestres da faculdade. Você pode ter o direito de perder a fé, o rumo, a estrada certa... Porque eu também perdi, mas eu devolvi para mim mesma até o olhar perdido. Eu terei outros desencontros com tudo que nos faz ficar firme, disso eu tenho certeza. A gente tem que se perder às vezes.

As rasteiras, voadoras, socos e atropelamentos da vida não se extinguirão, mas você vai ficar no chão para sempre? Fingindo que morreu para que te esqueçam (como nos filmes ou, infelizmente, baseados em fatos reais)? Naninanão. E olhe mais um pouco, eu nem acredito que estou agindo como um livro de autoajuda (nada contra, até leio...). É que ontem ao pesquisar na internet “como desinstalar essa vontade de cutucar o namorado alheio” me deparei com imagens da Carolina do Norte. ESTADO DOS ESTADOS UNIDOS. O que uma coisa tem a ver com a outra? Eu posso cutucar o namorado alheio direto da CAROLINA DO NORTE. Simples. E foi pensando assim que percebi o quanto quero conhecer outros lugares, outras pessoas (vocês não me cansam, mas eu preciso conhecerrrrrrr a Carolina do Norte. E Paris), esse temperamento de “qualquer coisinha NoOooOooOssa” não me faz bem, não te faz bem e o papel de vítima muito menos.

Os problemas existem para: testar e serem solucionados. Se não tivessem soluções, não seriam problemas... Joga fora essa lupa que você tem e resolve com serenidade o que te preocupa. Joga fora também a capa da protelação e age. Fiquei sabendo que na Carolina do Norte há homens. OOOOOOOOOOOH! Que usam botas de couro, fivelas e chapéus de Cowboy. OOOOOOOOOOOOOH! Algum vai ter que deixar de ser caubói por mim!

O que eu quero na verdade (além de cutucar o namorado alheio, ir para a Carolina do Norte, beijar um cowboy, ir para Paris, escrever uns livros, três filhos, Neston...) é que você se devolva leitor. Se permita. Compre-se, alugue-se e aprenda a conviver com o seu melhor e o seu pior. Sem medo do que possa descobrir sobre si. Sem alimentar problemas e aumentá-los com a lupa que eu mandei você jogar fora!



21 maio 2015

Quando é amor?

Andar pelas ruas da cidade e encontrar ene casais de mãos dadas, compartilhando palavras sussurradas, sorrisos largos, olhares penetrantes e gestos acalentadores é fácil. Não se escondem, não se largam, e, quando um solta a mão do outro... Automaticamente elas se entrelaçam novamente. Eles não percebem, eu percebo, assisto e me pergunto “quanto tempo vai durar?”.

Um questionamento cruel, mas necessário. Quanto tempo dura atos de carinho em público e online. Em que base foi construída esse relacionamento? Ela era a amiga de infância dele? Ele a achou por uma rede social? Ela não deu sinal e sem querer ele bateu no carro popular dela? Eu não sei, nunca saberei. Assim como nunca saberei se será “para sempre”, e quanto tempo estão juntos. Estes casais desconhecidos me inspiram, de forma fantasiosa e realista. Um equilíbrio. O começo e o FIM. Eu gostaria que um casal tivesse se apaixonado por um pequeno acidente de trânsito. “VOCÊ BATEU NO MEU CARRO!” “Você não sinalizou, mas eu vou pagar o que foi danificado e o nosso jantar.” Certo, seria magnífico contar essa história para os amigos e nas reuniões familiares. Talvez, tenha acontecido com alguém... MAS e depois? Depois do jantar, depois que ele a deixou em casa, depois de debaterem se é bolacha ou biscoito? O que acontece depois? Ele, com certeza, não irá jogar uma pedrinha na janela dela, em plena penumbra da madrugada, convidando-a para uma aventura pelas ruas. A vida não é um filme americano.  O depois pode ser paixão ou amor. O depois pode ser desencontros. O depois pode não ter mais pulso vital.

Eu sei quando é paixão. A paixão dura três anos, nos intoxica, é como uma ventania que leva as muralhas do seu coração. Você é exposta, testada, quase se joga em água límpida e profunda dos mais belos mares. A paixão faz a gente perder quinze quilos em um mês, faz a gente fazer playlist sobre os dois, cega, e literalmente tateamos no escuro. Vem sem avisar e quando você percebe já está uniformizada para trabalhar, da melhor forma possível, para que algo dê certo. Que perdure. Que vire roteiro de cinema. O que ninguém admite é que no fundo há a sensação de que alguém vai sair dessa história com uma ferida exposta e dolorosa. Por quê? Porque não é amor. Como eu sei? Posso pular a parte do “porque eu sei” e ir para a parte da explicação? Todo mundo em fila indiana e vamos lá.
Elevador ou escadas? Escadas. Para protelar mais um momento em que eu seria colocada em uma pista com abismo e dentro de um carro sem freios na velocidade da luz. Escadas. Quinto andar. Unidade de Terapia Intensiva. UTI. A primeira vez que eu percebi que amava alguém de verdade foi entre sondas, barulhos do aparelho cardíaco e cateter. Eu não sabia que a amava até desligarem os aparelhos.  Eu tinha quatorze anos e descobri que amava a minha irmã tarde demais. Esse amor não diminui e nem some com o tempo. Cresce a cada momento em que paro para imaginar como seria ser tia. Madrinha. Discutir sobre bandas aos meus vinte e poucos anos com ela. Conversar sobre política, meninos, bebidas, festas e roupas. A minha irmã foi o meu primeiro amor e eu e nem ela sabíamos.

Quando amei novamente, amei sozinha. Ele se apaixonou. Eu amei. Experimentei com ele o companheirismo, a fidelidade, o orgasmo, a aventura e a tempestade da família por contrariar a todos em busca do que eu queria e quem queria. Acabou. E como eu disse, amei sozinha. Porque não importa os quilômetros, o dinheiro, o orgulho, obstáculos, escalas, vôos cancelados... Quem ama fica. A minha irmã não ficou porque o seu corpo não podia. Ele não, não quis. Procurou um romance pacato, sem chamas e por medo. Orgulho, razão. Sem saber que a melhor escolha é quem está fazendo você ler até o fim. Serei a melhor escolha para todos porque em tempos de cóleras eu tenho coração. E é aqui que a minha nova jornada recomeça. Eu quero outros quilômetros, escalas, orgasmos, sonos perdidos, outras varandas, outros braços. O amor se transformou em carinho e carinho eu tenho até por um professor que me dará dez no TCC (modo sonhadora ativar), mas sempre terá um lugar no meu coração. Eu só diminuí o espaço que ele ocupava para que eu possa amar alguém que fique nos dias ensolarados e nas noites sombrias. E todo mundo consegue desocupar as gavetas, tirar o pó das prateleiras e esperar a nova visita com o coração arrumado e alma passada e engomada.



Se realmente formos feitos dos livros que lemos, dos sonhos que querermos realizar, das pessoas que tocamos, das músicas que ouvimos e dos momentos que guardamos, sem dúvidas seremos um misto de amor, esperança, humildade e charmes. Seremos amados e será recíproco. Será amor e não paixão. 

20 maio 2015

Colcha de Retalhos

Marina Crateús tem 90 anos. Costura, faz crochê, cozinha e adora novelas. Sabe os nomes de todos os personagens. Senta-se em sua cadeira e como mágica faz cortinas, roupas, toalhas de mesa e o que mais você possa imaginar. Mãos rápidas, sagacidade, ditados populares na ponta da língua, saúde como um brasão.

Dez filhos, alguns perdidos ao nascer, outros mortos tragicamente. Um incêndio, um suicídio, um para a loucura. Um marido arredio morto longe dos olhos da família e das minhas lembranças. Marina é forte como uma rocha, criou dois netos e tem como protetora uma das filhas que faz papel de mãe, hoje e agora. Perdi o laço com Marina. Quando criança, sempre fui nariz empinado, nunca quis agradar a minha avó e a acusava de gostar mais dos outros netos do que de mim. Dava como desculpa “ela não gosta de mim” para não evitar a sua casa, mas a verdade é que caminhei por uma estrada tortuosa e não queria ser a neta perfeita. Não fazia questão porque ao meu redor há essa sensação de que preciso de aprovação para tudo e por todos (o que nunca vai acontecer). E não queria sentir-me assim dentro da própria família.

 Certa vez, vi uma colcha de retalhos em sua cama e achei a colcha mais bonita que já vi. Todas as cores unidas por uma linha em várias formas e larguras. Deve ter levado uma vida para fazer algo simples e acolhedor. Com a certeza de que ela me negaria uma colcha como aquela, mesmo assim, eu pedi. E ao receber a resposta de que ela faria uma pra mim, minhas muralhas foram quebradas. Eu vi a sua dedicação enquanto a máquina de costura trabalhava, eu vi que ela me amava, mas eu perdi um laço com ela. Creio que o tempo me fez afastar da família, me fez evitar ligações, mensagens, abraços e o ato de pedir a benção.

A colcha de retalho que me agasalha todas as noites está surrada, mas me fez pensar que posso retalhar e costurar o que foi danificado. Aos poucos poderei fazer a minha própria colcha de retalho em forma de abraços, desculpas e saudades. Costurarei cada botão que caiu do meu coração, cortarei sentimentos que não são necessários, usarei a linha da saudade para recomeçar. Procurarei os retalhos mais coloridos para arrancar sorrisos. Não há tempo para mágoas e distanciamentos. A colcha de retalhos não será tão bela como a que eu ganhei, mas será a calmaria em meu coração.


Espero que não seja tarde demais para costurar e entregar uma colcha de retalhos em forma de carinho. Espero que não seja tarde demais para pedir desculpas e beijar sua mão enrugada com sinais do tempo. Espero que esse recomeço me faça crescer mais (apesar de que Marina me dava óleo do peixe para crescer, mas não resolveu. Continuo tentando alcançar a barra alta do ônibus e fico pendurada) como ela sempre desejou. 

16 maio 2015

O Casamento

Você se arrepia quando falam em casamento perto de você? Diz que não quer casar? Bem, não estou te julgando é um direito seu. É a sua vontade, segure-a com força e continue a sua vida pensando que o ato de morar com outra pessoa é atormentador.

O casamento não é um contrato, é feito por amor (apesar de que algumas pessoas casam por outros motivos), é querer acordar com alguém que te faz bem, que extrai o melhor de você e trabalha com você sobre o seu pior. É querer receber um “bom dia, linda” enquanto você esfrega os olhos para tirar vestígios de remela e cabelo bagunçado. Estou sendo romântica?  Um pouco, mas não sou roteirista da Disney. Eu acredito que duas pessoas possam se amar, fielmente e eternamente. Sim, ainda acredito. Espero não ser queimada em uma fogueira  de São João como “as bruxas de Salem” por crer. Há tantas escolhas para se fazer, há tantas pessoas para conhecer, mas o amor é construído em momentos difíceis. Na falta de fé ele – o amor – surge. Começa pela base até chegar ao telhado.

Você pode trocar de namorado quantas vezes quiser, como roupa, mas saberá a hora de dizer “sim”. Não precisa nem ter um relacionamento de quatro anos ou mais. O sim vem na primeira noite enquanto você sorri olhando para o teto, quando você olha os minutos impaciente para que aquela pessoa chegue. O sim se aproxima na primeira briga que termina com sexo. O sim está nos poros, nas lágrimas e na preocupação pelo atraso. O sim está no apoio emocional e profissional. Não há competição. O sim está no sorriso de quem você ama e isso te leva a desejar aquele sorriso no bebê que ainda não existe. O sim está nas músicas que você colocou como trilha sonora do seu relacionamento. O sim está até no supermercado quando você lembra de colocar um item que agradará a quem ama.

Eu sei, nem tudo é um mar de rosas. Ocorrerão brigas por pequenos motivos, mas irritantes. O creme dental aberto, a louça empilhada para lavar, a briga pelo controle da televisão, o lixo que não foi colocado pra fora, ciúmes, o stress do trabalho sendo descontado em uma pessoa que não tem culpa, os primeiros meses do seu bebê (mais conhecido como seu mundo, porque é o que ele torna-se), a tampa do vaso sanitário aberta, a toalha molhada na cama, contas, dívidas... Quer saber de uma coisa? Vale à pena! Quer saber de mais uma coisa? Quem ama não desiste e não vai embora, quem ama fica. Fica de verdade, em carne e osso. É real, como quando pediu que se casasse com ele.

Você deve estar se perguntando como sei de tudo isso. Eu meio que sou casada com meus pais, e por isso sei dos detalhes (tirando a parte do bebê). O casamento tem seus altos e baixos, mas ao receber um abraço no fim do dia... Isso não tem preço. Acredite. Eu acredito. 

13 maio 2015

Meu Porto Seguro


Ouvi uma conversa séria entre meus pais sobre “torna-me dependente” deles. Algo como um seguro de vida para que eu possa requerer. Foi a conversa mais triste que já escutei. Foi a preocupação na voz da minha mãe (mainha), que me fez perceber que eu sou o mundo deles.

Me fez pensar no futuro e penso nele constantemente, mas agora vejo de outra forma. Mais emocional, menos ambiciosa – esperando o melhor emprego do mundo como... A maquiadora de Adam Levine. Viu? Deixei de ser ambiciosa por agora  -  e nem preciso mencionar que vê-los planejando algo para mim, aos vinte e quatro anos de idade, é singelo e assustador. Joguemos as cartas na mesa, seguro de vida nos lembra: perder alguém. E no mundo que dá mais volta que criança brincando com bambolê é possível que a vida me faça perder tudo o que fui, sou e serei. Como uma leitora assídua, vivendo entre a realidade e fantasia... Pretendo não perder mais ninguém. Pretendo, mas Deus/Alá/Tupã/Zeus deve estar rindo do meu plano que é: virar uma vampira, morder meus pais e vivermos imortalmente felizes. Sim esse era meu plano.

Dentro do plano, tem espaço para morder alguns amigos e celebridades. E vestir preto porque preto emagrece. Neste momento, você deve está dando gostosas gargalhadas e eu não ligo... Porque eu I LOVE CREPÚSCULO e I LOVE TRUE BLOOD, mas preciso avisar que vendi o Box crepúsculo para não deixar vestígios de que eu realmente queria ler os pensamentos das pessoas e brilhar no sol. Na verdade todo mundo brilha no sol... Suor, a make derretendo, os cílios postiços descolando... “Nossa como você brilha. Onde comprou esse pó iluminador?” “É oleosidade, moça.” E ainda falando sobre o plano de como manter meus pais vivos para sempre, não tive boas respostas na pesquisa do Google (congelar meus pais em outro país? Marminina.. É cada uma). MAS EU AINDA POSSO SER UMA VAMPIRA! Eu só preciso achar um vampiro em um bar, sentar ao lado dele, jogar o cabelo mostrando o pescoço e sorrir com carinha de “ANDA, ME MORDE LOGO, MEU FILHO. QUE EU NÃO SOU TUAS VAMPIRAS”.

Estou brincando com o que os meus pais cochicharam (eles não sabem cochichar direito) porque é assim que sou, amenizo dores e principalmente as minhas. São tudo o que tenho, quero orgulhosos, segurando meus três filhos (Calincko, Calinckiane, Calinckam), quero segurar a mão enrugava e calejada de painho aos cento e poucos anos. Quero a risada exagerada de mainha no meu casamento. Quero mainha dando um “cheiro” no primeiro neto. Quero painho dizendo “ela é jornalista”. Quero dar tudo que não tiveram, mas mesmo assim me deram.


Leitor, eu quero eles para sempre. São meu porto seguro, minha lanterna na escuridão,  minha alma, meu sangue, minha molécula, átomo, brisa, camomila, minha paz, meu coração. E mesmo com tantas injustiças que aconteceram com eles... Ainda há esperança e amor neles. Eu escuto e sinto na casa silenciosa enquanto vejo embaçadas as letras no teclado. “Amai-vos.” E estou amando. 

09 maio 2015

O Machismo

A primeira vez que tive contato com o machismo foi aos dez anos. Meus primos não me deixavam brincar com bola porque eu era menina. Ali era só a ponta do iceberg do que me esperava. Na escola, eu preferia usar o cabelo preso com tiara, isso era inadmissível para as colegas PORQUE (segundo elas) OS MENINOS gostavam do cabelo solto de prancha. 

Cresci e vi que o machismo foi piorando, expandido, virou uma seita, uma organização quase política e, ao mesmo tempo, medieval. Lembrando que: estamos em 2015, século XXI. O que me preocupa é que algumas mulheres não percebem quando estão sendo vítimas dessa doença. Sim, é uma doença. Contagiosa e com muitos sintomas. A doença começa com “você vai sair com essa saia?”, “você tem que se dar ao respeito”, “porque mulher não pode...”, “porque eu não quero que pensem que você é puta”, “porque tem que saber cozinhar”, “porque quero um filho agora e depois você faz o doutorado” ou “tinha que ser uma mulher ao volante”.

No Oscar 2015, Patricia Arquette - ao ganhar como Melhor Atriz Coadjuvante – revelou, em seu discurso, que as atrizes ganham menos que os homens. É inacreditável que uma boa atriz ganhe menos por ser mulher. EM 2015. 2015. DOIS MIL E QUINZE. E é também inacreditável que mães falem “não sabe fazer isso, o marido não vai querer”, “não sabe fazer aquilo, o marido vai penar”. Vamos ter um companheiro ou seremos escravas? Esse tempo já passou. Quer amarrar o cadarço? Amarra sozinho. Quer fazer sexo no dia que não estou a fim? Se vire. Quer que eu troque a roupa? Troque a nossa casa para Paris primeiro... E mesmo assim não trocarei de roupa.

Os sinais dos machistas estão ao seu lado. Sim, está na sua casa, escola, faculdade ou trabalho. Está no seu pai, no seu melhor amigo, primo, chefe. Basta sentar por um minuto perto de alguns meninos para ouvir as palavras “peguei”, “puta”, “não é pra namorar”. Somos objetos? O que é ser puta? Qual é a definição para essa palavra e suas características? Quero uma redação de 500 linhas explicando o que é ser puta. Se alguém fizer uma enquete com essa pergunta ouvirá barbaridades e pensará “me leva Deus”. Os homens não estão preparados para perceber que o tempo passou e ganhamos direitos, que somos mais organizadas, que podemos “ser pãe” (pai e mãe ao mesmo tempo), que somos mais habilidosas e inteligentes. Quando você chama alguém de puta... A sua irmã/prima/mãe está sendo considerada assim também por outra pessoa. Olha que coisa maravilhosa...

 As mulheres não são obrigadas a empurrar com a barriga um relacionamento que se desgastou, em que o “eu te amo” virou “bom dia”, em que o homem só a faz de objeto sexual e doméstico. Quando essa mulher levanta e olha ao redor... Ela se liberta. Na vida ou na morte. Na morte porque o machismo mata, fere, faz sangrar, traz dor. A sua filha pode ser morta pelo machismo, a sua irmã pode ser morta pelo machismo, VOCÊ pode ser morta(o) pelo machismo.


Por favor, entenda que queremos ser livres, queremos ter o poder da escolha, da voz, queremos o direito de viver sem rótulos e sem morrer. As mulheres não odeiam os homens (mas se você der motivos, elas odiarão), até somos encantadas pela masculinidade que predomina e o senso de proteção que alguns homens têm (apesar de que já temos vagas no boxe). Todos os dias uma mulher é morta pelo companheiro. Todos os dias uma mulher é agredida e violentada. Todos os dias uma mãe chora.