29 agosto 2015

Feminicídio

Como falar sobre um assunto sem encher os olhos de lágrimas? “Pesquisar.” “Estou com sorte.”

A definição de sorte pode ser usada facilmente em apenas ler as notícias espalhadas pelo mundo. Basta ver a quantidade de mulheres que são mortas por mãos machistas e mentes perturbadas. É horrível anunciar que tenho sorte por nunca ter levado um tapa, ter sido abusada ou ser acusada de algo que não sou? Pareço ser alguém que leva vantagem por isso? Eu sinto muito, mas não sei até quando estarei com sorte.

A sensação de impotência diante da vida é constante porque não sabemos em quem mais confiar. A justiça fica do lado dos homens enquanto você está viva. E, infelizmente, algumas mulheres só entendem a gravidade do feminicídio quando a vítima morre e seus filhos choram por não terem mais a mão carinhosa que acalentava. É preciso desenhar? Temos que fazer diversos LIVROS PARA COLORIR ABORDANDO RELACIONAMENTOS ABUSIVOS E O MACHISMO? É preciso ESCREVER SÉRIES AMERICANAS COM PERSONAGENS – CATIVANTES – QUE SOFREM NAS MÃOS DE COMPANHEIROS OU EXS? Mas como CRIAR um personagem cativante SE A CULPA É SEMPRE NOSSA? A culpa por todo o sofrimento sempre vai ser do personagem.  AH, AGORA VOCÊ ESTÁ PENSANDO SOBRE O ASSUNTO? SÉRIO?

O cabelo grande, o cabelo curto, o tamanho do short, estacionou na minha vaga, o batom vermelho, terminou comigo, chegou tarde, o filho não parece comigo... São perfeitas desculpas para você maltratar ou matar alguém, né? AH, ME DESCULPE. ESQUECI QUE MULHERES NÃO POSSUEM VOZ! Está enganado quem acha que podem nos calar. Estamos em todas as partes, desde o seu desenvolvimento no NOSSO ÚTERO até ao momento em que você é preso. Eu sou a sua mãe, a sua namorada, a delegada que está na sua frente e continuarei presente por onde você passar.  Não é difícil conhecer alguém que foi agredida verbalmente ou fisicamente por um homem. Infelizmente. E mesmo assim, mesmo tendo que lidar com notícias que nos desanimam, tendo que segurar o nó na garganta para ouvir o desabafo da amiga que chora compulsivamente – por ter sido agredida verbalmente - no telefonema da madrugada, mesmo sentindo a ameaça no silêncio... Não haverá descanso na nossa luta.  


Peço que antes de ensinar o seu filho para que time torcer... Ensine-o a ter a compreensão de entender o “não”, respeitar a nossa decisão, o nosso argumento, escolhas e sorrisos que não querem mais andar ao teu lado.    

23 agosto 2015

Existe amor na UNEB


A maioria da população brasileira (CINCO PESSOAS) sabe que o signo UNEB tem ascendente em greves. A pesquisa foi feita em uma mesa com jornalistas, advogados e uma Doutora em... Em... ELA É JOSÉ WILKER DO NORDESTE.

Festa de aniversário é sempre bom, né? E quando é de criança que envolve sacolinhas, picolé, pipoca, batata frita, algodão doce, criança chorando porque não ganhou sacolinha, Desejo de Menina, professoras da UNEB, um Camaro... É de longe a melhor festa. Um momento senhora, estarei contando a história quando conseguir resolver a questão: É “CAMARO” QUE ESCREVE? Vou pesquisar porque é uma palavra que não faz parte da minha rotina porque o meu carro é Joalina (pesquisem). Olha leitor, eu vou ficar um pouco dispersa no texto porque o vinho ainda está na corrente sanguínea e foram vários momentos de GOSTOSAS GARGALHADAS. Não espere um texto com as regras da ABNT e nem um artigo científico sobre um sábado com cheirinho de infância. Afinal, uma professora disse-me em plena entrevista de emprego que: meus textos não eram algo que poderia contribuir para certa área do jornalismo... ALOU PRÓ, OLHA SÓ... ESTOU FAZENDO A MESMA COISA QUE VOCÊ E O BLOG É LIDO POR D-O-U-T-O-R-A-S. Ah, 1x0 PARA MIM. Esse foi um oferecimento “passei um mês preparando a indireta”.

Tenho amigos que são humildes até na hora de explicar como vai ser o aniversário deles ou do parente. Eles começam dizendo “vai ser uma reuniãozinha” e esse é o código para parcelar, em dez vezes, o look de marca (C&A, eu te amo) e ir preparada para a reunião com direito a copo especial cravado de diamantes. Não se engane com o diminutivo, ele é cobra criada e pega você. Vai achando que a festa envolve apenas uma mesa e um bolo, vai. É claro que a experiência te faz agir naturalmente quando você chega à festa e vê TUUUUDO LINDO E ORGANIZADO. Você cumprimenta todos que conhece, senta, faz a fina e segura o impulso de tirar o salto para brincar com as crianças. E por falar em crianças... Ô VONTADE DE IR ATÉ OS PAIS E PEDIR OS ÓVULOS E ESPERMATOZÓIDES CONGELADOS PARA PODER FAZER UNS “MININÚ” IGUAL. MUITA CRIANÇA BONITA, mas isso não quer dizer que elas esperam a vez de cada uma pegar a sacolinha educadamente... Sem alardes, sem choro... FIZ UM MOVIMENTO BRUSCO E VI QUE O BOLO SÓ FICOU EM CIMA DA MESA PORQUE ERA PESADO. Eu vou abrir uma empresa que coloca cerca elétrica ao redor da mesa com doces e sacolinhas. Vai ser sucesso.

A empresa também vai auxiliar que o animador da festa não faça brincadeiras que envolva cadeiras para não deixar os convidados em pé. Sim, os convidado chegando e o palhaço “VAMO BRICAR COM A BRINCADEIRA DA CADEIRA, PEGA AS CADEIRAS”. A minha amiga nervosa porque as nossas professoras estavam chegando e zero cadeiras para elas. É claro que nessas horas baixa a sinceridade e a gente toca no ombro do palhaço e decreta o fim da brincadeira porque as pessoas precisam sentar. O palhaço ficou bem triste comigo, mas eu o encorajei com “coloca esses meninos pra correr”. Ficou tudo bem. 

O melhor estava por vir com a chegada da orientadora que vai colocar minha amiga na justiça para ganhar dois mil e quintos reais (sério) porque o TCC foi premiado, a doutora da faculdade que os alunos reclamam porque ela exige os trabalhos, as provas, o empenho, Caio Castro... E UMA MAQUIADORA/JORNALISTA/COORDENADORA DE ONG/FUTURA TORQUATTO DA GNT... AH, mas teve assunto! Você foi citado leitor. Pode ter certeza. E olhe... O único momento baixo astral foi quando descobri que tem funcionária (aquelas que a gente pensa que escolheram entrar para a liturgia da igreja, o grupo de oração e abraçar o fato de não dormir de conchinha) da minha belíssima faculdade namorando e eu aqui... VENDO BEIJAREM OUTRAS BOCAS, DANÇAREM AS VALSAS COM OS DADY MAGIA (rindo horrores), AMAREM COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ...

Estão certas! Entregaram-se para as garras desse amor gostoso, mas precisava ser primeiro que eu? Precisava casar enquanto eu esperava dar seis meses para mudar o status de relacionamento no facebook???


DEUS, O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A MINHA
VIDA?

15 agosto 2015

Em busca


O que procura? Emprego? Fé? Amor? Independência? A busca por algo ou alguém faz parte da nossa jornada e, às vezes, só nos resta esperar porque não temos o controle de tudo. Não está em nossas mãos, não depende só de mim e de você. A vida é feita de esperas.

É válido ir até um ambiente calmo e refletir sobre o que você realmente precisa. A minha urgência era ajudar os meus pais financeiramente e mostrar que eu posso dar o meu melhor. Eu acabei me sufocando com as esperas, com as respostas que não chegavam ou ligações que não aconteciam. Estagnei. Parei de me culpar e me preocupar. Parei de pensar que os meus colegas – que recebiam a proposta de uma entrevista – eram melhores que eu. Eu faço vocês darem gostosas gargalhadas e eles não. Arrancar o sorriso de uma pessoa é melhor que puxar o tapete de quem precisa dele. E foi pensando assim que acalentei meu coração e disse a mainha que iria comprar uma casa para ela em outro bairro. Um dia.

O meu celular tocou ao som de “Lanterna dos Afogados” na voz da eterna Cássia Eller. A música, que coloquei como toque, tem dois trechos que fazem parte de mim, a Calincka que sente mais do que deveria e se preocupa. As frases que são como mantras: “uma noite longa pra uma vida curta, mas já não me importa. Basta poder te ajudar” e “eu tô te esperando, vê se não vai demorar”. Eu posso dizer que o celular tocou e uma porta se abriu. Não foi Moisés que dividiu o Mar Vermelho para que eu pudesse atravessar TODA LINDA DE VALENTINO. A calma no coração, aceitação e a crença abriram todos os oceanos para a minha passagem (tropeçando mesmo com sapatilha... e em planos sem obstáculos). E então veio a ansiedade de mostrar que eu posso dar conta, que eu posso contribuir com o meu melhor. A ansiedade me bloqueou como em uma jogada de vôlei que foi 7x1 para a insegurança, para o medo de apresentar um texto. E então ouvi “você está aqui para aprender e eu vou aprender com você”, mais uma porta se abriu. Se você deixar que o medo e a insegurança te dominem... Será uma eterna Copa de 2014, será um eterno tchau que não era pra você, um eterno Vendo Você Beijar Outras Bocas. Tem que se amar, tem que amar o que escreve, tem que esquecer o que a professora disse ao ler seu texto, tem que lembrar que há alguém no mundo que te admira, lembrar do painho e da mainha que acreditam todos os dias em você, esquecer que as pessoas te valorizam só se você tiver um livro publicado ou ganhar 10 no TCC.


Estava conversando com um ser e ele perguntou se eu namorava, depois de responder que estava solteira ele fez a seguinte pergunta “não tem homem na sua cidade?”. Olha, tem homem sim. Tem homem interessante, bonitos, simpáticos e sedutores. E entendi que em vez de estar buscando alguém, eu estou atrás de quem quero ser, estou indo segurar a mão do amor próprio. E foi pensando assim que saí do aplicativo TINDER e espero esbarrar com alguém em um corredor da vida (para deixar minhas apostilas da faculdade caírem e ser ajudada trocando olhares. Como acontece nos filmes). 

Eu tô te esperando!

11 agosto 2015

A vida de um estagiário


A culpa é sempre nossa. Não por sermos acusados de um erro, mas nós nos culpamos antes mesmo que alguém apareça e diga que há um erro. A GENTE JÁ SABE QUE ESTÁ ERRADO. Se ocorrer um acidente de trânsito em frente ao seu local de trabalho... Começamos a pensar “meu Deus, a culpa foi minha por não ser a Mulher Maravilha”.

A paranóia persegue a gente até o momento de dormir. E quando não conseguimos dormir ficamos pensando nas seguintes situações “o que será que eu vou quebrar amanhã?”, “será que o entrevistado percebeu que ficou sem a caneta porque me esqueci de devolver?”, “Será que eu mandarei e-mail sem anexar o arquivo novamente?”, “Quando o chefe me chamar na sala dele... Eu finjo um desmaio ou uma convulsão?”, “Meu Deus, tem duas pessoas com o mesmo nome. Eu salvo o número como Fulana que usa salto e Fulana que usa saia de reggae?” “Ave Maria, será que meu chefe sabe que eu tenho esse blog? Será que ele leu todos os textos? MEU DEUS DO CÉU!!! SERÁ?”. Aí você mentaliza “calma, calma, calma, calMAS SERÁ QUE ELE SABE MESMO DO BLOG E QUE VIM AO PLANETA DESTINADA A PASSAR VERGONHA?”.

A primeira semana ninguém te assusta, mas aí você derruba suco no teclado, manda e-mail para a pessoa errada, acha que ninguém sabe que você está ali suando frio e com medo de errar alguma coisa, fica em dúvida se a transcrição do áudio ficou apresentável, vai imprimir o texto e a impressora que não quer funcionar te obriga a fazer uma novena para Nossa Senhora dos Estagiários. Acha que ta sendo vigiada e que a qualquer momento Pedro Bial vai aparecer e falar com metáforas que você ESTÁ FORA DA CASA CHAMADA EMPREGO. Fica se perguntando e tentando lembrar-se dos slides que a professora explicava cada função, mas percebe que não tem nada a ver com nada. Tipo a fórmula de bhaskara. “Deixa eu usar aqui a fórmula de bhaskara para ver se o cobrador me deu o troco certo.”

A primeira vez que você vai produzir um texto em formato específico para uma das áreas do jornalismo é como se fosse fazer a primeira prova COM CANETA na escola. Lembra como era assustador? A prova ficava parecendo um quadro do Romero Britto. E então você é cativada pelas pessoas que trabalham com você, é cativada pela rotina e não se vê mais na procrastinação, não consegue se imaginar sem a sensação de que você está sendo desafiada e testada a cada minuto. E que um longo caminho com pedras (para construir meu castelo com Adam Levine) nos espera.


O melhor é que você surpreende as pessoas que não te deram uma oportunidade e pode dizer “PARECE QUE O JOGO VIROU, QUERIDINHA”. 

02 agosto 2015

25

Não, esse não é um texto sobre o novo álbum da Adele (aquele que iria sair esse ano, mas só vem com Jesus). São fatos que eu só percebi em uma boate ou já tinha percebido, mas esvaziei a lixeira da mente. Em novembro farei VINTCHY CINCO ANOS e estou me sentindo com (OI)TENTA.

Menina Calincka Saiu com a Ciranda de Viados, até aí tudo bem... Marcamos um local para nos encontrar porque era muita gente e sabíamos onde encontrar a metade do grupo. Fomos a um bar “novo”, chic, com pessoas que parcelaram as roupas caras em dez vezes no cartão só para aparecer lá e descolar algo... Algo como: a solidão. EU QUERO SABER O MOTIVO DAS PESSOAS SAÍREM PARA UM BAR COMO SE FOSSEM RECEBER UM GRAMMY. Eu terei que pesquisar o nome dessa doença. A primeira situação que me deparei foi com a hostess (porteira, pra quem não tem frescura) perguntando se estávamos na lista. DESDE QUANDO BAR TEM LISTA? EU QUERO BANIR ESSE BAR DA MINHA CIDADE. E AS PESSOAS QUE ESTAVAM LÁ TAMBÉM. Petrolina já foi mais humilde, eu adorava isso. Entramos porque já tinha alguns amigos dentro esperando a nossa presença. O fato de ter sido barrada tem a ver com a minha sandália rasteira porque ela olhou para os meus pés e eu dei uma voltinha pra ela ver de outro ângulo. O ser humano é o único animal que julga outro ser humano em vez de matar e comer... Se ela estava me achando pobre... ELA ACERTOU!!!!!!!!!!!!   

Meus amigos estavam com um casal americano e eles são SUPER/MEGA/HIPERCARD fofos. Simpáticos, alegres... Mudou minha concepção do que é “ser americano”. Cada país tem um estereótipo. Eu pensava que os americanos abraçavam sem encostar e ficavam pensando no valor do DÓLAR. O NORDESTE É UM PAÍS e também pensam que nós, nordestinos, comemos rapadura, farinha, cuscuz, tomamos cajuína e ouvimos DESEJO DE MENINA ou ARAKETU. E é verdade. Tentei usar o inglês do ensino médio, só tentei. Desisti e parti para o espanhol com “estoy aquí queriéndote Arr%mbaran nembmmeymymu qyaeti, meu deumus do céu deixaxwucitmrque no puedo comprender”. E como de costume eu tenho que passar vergonha porque é tradição, foi detectado no meu mapa astral e é do meu signo... O cunhado da minha amiga estava no bar e me aproximei perguntando pela a irmã da minha amiga e ele “EU NÃO SEI”. Oxeoxeoxe, depois eu me toquei que algo aconteceu para ele responder com frieza e falta de educação. Eles terminaram. Fiquei morta e tentei plantar bananeira para Deus me puxar pelos pés. Virei para um amigo e disse “vambora pelo amor de Deus”Fomos para a boate, um lugar agradável, com músicas de divas, gente suada dançando ao som de Lady Marmalade e as gays querendo pegar nos meus peitos... E descobri que estou velha. Dancei uns quatro minutos e a coluna doeu, o pulmão, a íris, meu dedo mindinho, minha alma... No quesito disposição eu levo a nota zero. O mesmo número de dinheiro na minha conta bancária.

Aconteceram gostosas gargalhadas e até arranjei um namorado lá... Só que ele não sabia que a gente tava namorando porque estava abraçado com a namorada. Segurou a bolsa dela, abanou quando ela começou a suar e eu só VENDO ELE BEIJAR OUTRAS BOCAS. Foi bom? Foi.