15 setembro 2015

Carta para acalentar o coração

Oi, 

Sou do futuro. Você ainda não me conhece, mas fiz uma longa viagem para te dizer algo. Não pretendo te pegar no colo e ninar, mas preste atenção em tudo que eu vou te contar. Anos atrás perdi o chão. 


O meu farol não existia mais e estava em um barco sem remos. Eu queria me afogar naquela dor, eu precisava. Em um momento, e inevitável, a vida me impulsionou para a terra firme. Eu continuava tremendo de frio e não sabia o que fazer com aquele lugar vazio, medo e coração apertado. Pensei que nunca mais iria sorrir porque chorei muito. Eu queria meu farol. Eu queria a outra parte de mim. E queria voltar para o barco.      

Em um piscar de olhos, perdi o barco e olhei ao redor. Não havia ninguém, porque eu não queria. Deitei-me na areia. Eu adoro a sensação da areia nos meus pés, algo tão simples e tão significante. Ah Illana, e as ondas? São lindas. Vai e vem em um ciclo sem fim. Eu continuava com meu coração apertado por questionar a ausência do meu farol. Como eu poderia ser guiada? Eu não queria aceitar. Nem toda luz que se apaga pode ser trocada e doía demais, sabe?

A dor não passava, mas com o tempo ela amenizou. Ainda está aqui comigo. E não me domina mais porque eu tenho uma família linda, tenho amigos que seguraram a minha mão quando achei que iria cair. Eu consegui realizar sonhos (não posso te contar porque é um segredo, mas você um dia vai descobrir), conquistei, às vezes chorei sem ninguém ver e ao passar dos anos... Percebi que o meu farol está dentro de mim e me protegendo. Ele nunca deixou de existir Illana!!! Ele continua me guiando e estou tão forte e feliz. Nós nos encontraremos e você constará que tudo isto é verdade.

AH, esqueci de me apresentar. Que falta de educação da minha parte! 

Eu me chamo VOCÊ, vim do futuro ao seu encontro para assegurar que você ficará bem. E se você estiver interesse em saber como está fisicamente no futuro... Continuamos lindas e os nossos amigos estão nos apoiando, como sempre apoiaram. Não tive muito tempo para te entregar essa carta pessoalmente, mas entreguei para pessoas maravilhosas. Elas vão te entregar com abraços apertados.  














06 setembro 2015

Ele mora longe

Se os sintomas de um infarto agudo no miocárdio FOR UMA PALPITAÇÃO A CADA VEZ QUE VEJO ALGUÉM INTERESSADO EM MIM, MAS QUE MORA LONGE... Eu devo ter ressuscitado só esse ano umas 327 vezes. Talvez seja Karma, talvez culpa do meu signo – já que todo mundo pode colocar a culpa no signo, eu também posso – ou a minha preguiça de ter que paquerar nos lugares.

PAQUERAR CANSA. Parece que estamos em uma esteira sem fim onde, o personal, só vai aumentando a velocidade e tentamos acompanhar. Algumas vezes com sucesso, outras vezes é um desastre. O mundo está dividido entre quem deve ter atitude para iniciar uma conversa e quem deve esperar essa atitude. Claramente, estou na segunda divisão como alguns times de futebol. A conversa morre no primeiro sinal de “meu Deus, ele não vai mais perguntar nada?”. Ninguém coopera. “Ah, mas você tem que trocar olhares.” Eu até troco olhares, mas sempre olho para trás achando que estou na frente de algo que a pessoa queira ler.

Bares, faculdades, elevadores, ônibus... Tudo acaba em um “e se”. E se eu tivesse pedido o número? E se eu não desviasse o olhar? E se ou fosse mais ousada em vez de tentar fazer a pessoa me achar divertida? E se... E se eu deixasse tudo isso pra lá e continuasse a minha sem  importar com essa estiagem na minha horta? Então. É o que estou fazendo. OU ESTAVA. ATÉ O EXATO MOMENTO EM QUE UMA DIVINDADE ILUMINADA, QUE MORA NO CÉU E TEM UM MONTE DE EMPREGADOS (leia-se anjos), ME ENVIA UM PRESENTE. O presente é à distância. Mais uma vez. Para variar. Como sempre. Tem como ser embaixadora de uma ONG com o objetivo de ajudar os humanos que se interessam por quem mora LONGE? Em vidas passadas, eu devo ter escrito muita carta de amor – à mão e com pena – para soldados de guerra, prometendo amor, oito filhos ou trocar os curativos.              

Como assim? Quase 2016 e ainda tenho essas paixonites que termina com cinco minutos de conversa por um aplicativo porque a pessoa não fala mais nada. Eu tenho preguiça de fazer fotossíntese, imagina ficar mandando mensagem... Atrapalhando a pessoa na hora da paquera em outro Estado. O que me parece é quer no vestibular do meu coração, só passa quem mora longe. Eu não acredito que terei que comprar um jatinho para namorar...

Você entra em aplicativos para conhecer pessoas na sua região e: só fotos de viagens feitas pelo projeto Ciência Sem Fronteiras, fotos na academia com o ar de “olha como eu malho, vou fazer você tomar suco verde também”, fotos cortadas com a ex do lado, mensagens pedindo praticamente seu CPF... NINGUÉM CONVERSA. AS PESSOAS NÃO SABEM CONVERSAR.  Quem destruiu o diálogo no século XXI? E é nesta brecha que aparece os que sabem conversar, sabem fazer piadas e argumentar.

A distância é horrível, mas é tão linda a comunicação. Ô VIDA.

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