28 janeiro 2017

AS COSTAS DELE

Ele é um mistério para mim e ainda não decidi se devo dar dois passos à frente, me antecipando na descoberta do que quero saber ou ver. Foi platônico? Eu não sei dizer o momento exato em que o olhei e nos vi suando.

Não é amor, não é romantismo. Pela primeira vez, escrevo claramente que é desejo. É mais forte que a postura de boa moça que a sociedade espera de uma mulher do século XXI. Como ele ficaria sem a camisa surrada? Qual seria seu olhar ao perceber que estaria jogando a minha coxa esquerda em seu quadril para aproximá-lo mais? Ele fala sorrindo. Será que beija sorrindo também? Será que forçaria meus pulsos ao segurar com apenas uma mão? Consigo imaginar a tatuagem no meu pulso esquerdo sendo esmagada por suas mãos. O sorriso petulante estaria ali, tenho certeza.

Os movimentos seriam sentidos, sincronizados, alternados e... O sorriso, aquele petulante, estaria ali. A sua voz sairia rouca ao me perguntar algo, eu iria me explicar ou começar a falar demais. Talvez ouviria um “me beije” ou teria os lábios - marcados de mordidas - esmagados por seus lábios.

É engraçado perceber que não preciso saber da vida dele, rotina ou com quem se envolve para encará-lo. E apesar de perceber que ele não é notado, isso me basta.  Eu só queria ver as suas costas suadas, o sorriso no canto da boca, a respiração acelerada e como agiria quando eu levantasse da cama sem lhe dizer nada para ir embora.


E eu queria ver aquele olhar divertido, de quem está diante de alguém que impôs barreiras oportunas para deixar claro 'sem explicações, garoto. A gente se ver por aí'. Eu quero ver aquele olhar pensativo tentando adivinhar os pensamentos de uma garota pegando fogo.

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